*Laura Oliveira
No último dia 28 de outubro, foi comemorado o Dia Mundial do Judô, data dada ao nascimento do mestre Jigoro Kano, fundador da arte marcial. O vôlei é uma das modalidades que mais trouxe medalhas para o país nas olímpiadas, ficando atrás apenas do vôlei. Ao todo, o judô já trouxe 22 medalhas para o Brasil desde a primeira vez em uma olímpiada, com o bronze de Chiaki Ishii em 1972, quatro ouros, três pratas e 15 bronzes.
Em 2013, a Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura (Unesco) classificou o judô como o esporte mais adequado para o desenvolvimento global de crianças e adolescentes. Curiosamente, na mesma data também comemora-se o Dia do Respeito, uma das bases da modalidade.
O Jornal Correio conversou com a Sensei Camila Nalesso que pratica o esporte desde 1996. “Meu irmão mais velho praticava e sempre tive vontade praticar. Antigamente não era muito comum ver mulheres nesses esportes de contato, meus pais resistiram um pouco, mas no fim comecei com oito anos de idade, pratiquei assiduamente até 2003, parei por um tempo após uma lesão, cursei educação física, me graduei como faixa preta e hoje sou professora.”
“O judô é além de um esporte completo para o corpo, trabalha a disciplina, concentração, hierarquia e respeito ao próximo. Como todo exercício físico, a prática do judô libera hormônios de bem estar e felicidade ajudando as pessoas a se sentirem bem com elas mesmas e com o meio em que convivem. A parte mental é muito trabalhada no sentido de que, a primeira coisa que aprendemos no judô é a cair, logo, a sentir a dificuldade da queda, para depois aprender a superar, trabalha a paciência, o foco e espírito de equipe”, contou a professora.
A sensei ainda comentou como os treinos estão sendo feitos durante a pandemia, já que o judô é um dos esportes com mais contato físico. “Muitas academias ainda estão paradas, algumas funcionando com um número bem limitado de alunos. Muitas estão optando por aulas virtuais com muito material teórico e algumas práticas que podem ser realizadas individualmente. Também vejo muitas pessoas trabalhando via whatsapp com grupos de alunos realizando geralmente exercícios físicos não específicos do judô, para que os alunos não fiquem fora de forma e não sintam tanto quando as aulas voltarem ao normal.”
A judoca, Victoria de Oliveira Pchegoski, de 19 anos, que pratica o esporte há dez anos. “Comecei em 2009, porque não tinha me identificado com nenhum outro esporte, mas depois disso, virou o meu maior amor, minha vida o judô, me proporcionou os melhores momentos! Com o judô aprendi a ter respeito, responsabilidades, cuidado, transmitir amor, atenção, alegria.”
A judoca, que atualmente está na faixa marrom relatou que teve que parar com os treinos por conta do estudo. “Por conta da faculdade, tive que parar, não batia o horário do meu treino.” A estudante de educação física ainda contou quais são os benefícios de se praticar o esporte. “Fisicamente porque desde o aquecimento, você mexe todas as partes do corpo, psicologicamente pois você tem todo apoio de sensei, tem reflexão/meditação antes e depois do treino, esse esporte particularmente me traz muita paz, segurança, sempre me sinto mais leve e bem dentro de um tatame.”
Victoria já participou de diversos campeonatos e ao todo coleciona 82 medalhas pelo esporte. A competição mais marcante para ela foi seu primeiro paulista em 2013, onde ficou em quarto lugar. “Como foi meu primeiro, eu fiquei em quarto lugar, mas foi como se tivesse sido campeã, muita gratidão!”
O atleta Kauê Chagas de 14 anos, iniciou no esporte há oito anos atrás, em 2012. “Eu comecei quando a sensei foi em minha escola para convidar alguns alunos para fazer judô, aí depois de alguns treinos, comecei a gostar. Hoje estou na faixa verde e com o esporte aprendi auto defesa, controlar a raiva, ter disciplina e respeito.”
O adolescente coleciona 16 medalhas pelo esporte e seu campeonato mais marcante foi quando em uma etapa da Liga Sesi, onde ficou em primeiro lugar. “Não pretendo seguir no esporte, ele será mais um hobbie, pois, para minha carreira planejo outras coisas, mas sou muito grato a tudo que o judô me ensinou.”
Kauê, que é atleta do Sesi Itapetininga, disse que durante a quarentena os treinos estavam sendo feitos via mensagens, apenas com os fundamentos do judô, sem treinos físicos.
*Sob supervisão de Carla Monteiro