Carla Monteiro
Itapetininga completa neste dia 5 de novembro 250 anos. Nesta data tão especial, o Jornal Correio resolveu contar a história de um dos símbolos mais importantes da cidade, a o Hino Municipal. E, apesar da cidade estar completando dois séculos e meio, seu hino oficial é um cinquentinha.
‘Do que fôra capela de outrora…’, foi assim que Duílio Gambini iniciou a poesia que viria ser a escolhida para ser a letra do Hino de Itapetininga.
A Lei 1372 de dezembro de 1967 instituiu o Hino Municipal. – parágrafo único – “A letra do Hino Municipal de Itapetininga, deverá relembrar os homens e fatos marcantes do passado, enaltecer o presente e confiar no porvir”.
Em 1969, para escolher as melhores ‘Letra e Música’ foi promovido o concurso cultural, poderiam participar músicos de todo o país.
O então vereador Aristeu Corrêa de Moraes foi quem propôs o projeto e também foi um dos componentes da comissão especial montada para fazer a escolha, também faziam parte da comissão: Comendador – Antônio Antunes Alves; Professor – Celso Carvalho; Professora – Hebe Hermeto Vilaça; Professora – Maria Francisco Quarentei Cardoso; Professora – Maria Helena Hungria de Lara; Professora – Miriam Rabelo Orsi e Professora – Edelwis D’Alessandro.
Para garantir a imparcialidade no julgamento, os candidatos precisavam protocolar suas poesias/letras com pseudônimos. O escolhido por Duílio Gambini foi ‘Bandeirante’. Também coocorreram: ‘Marco Antônio’ o sr. Professor Celso de Carvalho de Itapetininga. ‘Salomão” a Professora Aracy Alcovér Schmidt de São Paulo. ‘Devera Véra’ a Professora Véra Raffa Palhares de Itapetininga. ‘Sabiá’ a Professora Maria Thereza Cavalheiro de São Paulo. ‘Luna de La Sierra’ a Else rodrigues de Lima de Itapetininga, ‘Baran’ o Antonio Barbosa de Itapetininga. ‘Atenisense’ o Ari Dias de Campos de Itapetininga e ainda uma segunda versão de Duílio Gambini em que ele usou o pseudônimo ‘Anhanguéra’
Com o resultado da letra vitoriosa, que obteve cinco votos, com o pseudônimo de ‘Bandeirante”, contra um de ‘Marco Antônio’ e um em branco foram abertos os envelopes que continham as identificações e então foi revelado que a letra vencedora era do ‘Bandeirante’ o Sr. Duílio Gambini de Avaré.
Os documentos com as atas das reuniões da comissão, versões originais escritas à mão pelos concorrentes desde a letra até a música foram reunidos em um acervo histórico riquíssimo pelo então vereador Aristeu Corrêa de Moraes. Todo o material está guardando com o filho dele, Aristeu Corrêa de Moraes Filho, e foi gentilmente cedido para a publicação especial nos 250 anos de Itapetininga pelo Correio de Itapetininga.
Entre os documentos está o parecer da comissão:
“Difícil é a escolha da melhor entre as nove letras em concurso para o Hino Municipal, todas muito apreciáveis e dignas de elogios.
Salvo, entretanto, juízo crítico autorizado a nossa escolha recaiu na letra nº 1, autoria de “Bandeirantes”, pelo seguinte critério:
1- Parece obedecer mais as normas do Decreto Municipal
2- O estilo é mais simples sem prejuízo da poesia;
3 – Evoca o passado nos vultos e nas tradições cívicas;
4- Enaltece o presente sem exagero rebuscado;
5-O estribilho é mais vibrante e exortativo e retraça bem a mentalidade, alegria e otimismo do nosso povo.
SUGESTÕES:
a – O quarto verso da quarta estrofe poderia ser: “Que Vieira – e Leme – plantaram”
A nomeação precisa de dois homens, não de duas famílias é mais fiel à verdade histórica.
b- O último verso do refrão parece-nos ficaria melhor: “é um vibrante hino à vida”
Melhora a eufonia e tem sentido mais filosófico e poético como síntese conclusiva das ideias do refrão”.
Em agosto daquele ano, o poeta Duílio Gambini escreveu uma carta ao então prefeito Walter Tufik Curi, após ter sido comunicado que a letra de sua autoria tinha sido a vencedora do concurso. Gambini não só concordou com as alterações sugeridas pela comissão, como na carta enviada ao prefeito enviou também uma cópia da letra já com as alterações.
MÚSICA
Em setembro de 1969, após a escolha da letra, foi a vez de escolher a música para o hino. No mesmo formato da escolha da letra, as músicas deveriam ser apresentadas à comissão, sob pseudônimo.
No dia 24 de outubro de 1969 a comissão se reuniu para escolher entre as nove opções qual seria a música do Hino Musical.
Nos arquivos da família Corrêa de Moraes também constam as atas das reuniões da Comissão, na ata do dia da escolha da música consta que todas as versões apresentadas foram tocadas no piano.
“Após alguns entendimentos a Comissão conclui que as músicas fossem executadas através de piano, o que se dispôs a executá-las a pianista Professora Hébe Hermeto Villaça. Executadas e repassadas, a Comissão por unanimidade apontou com vitoriosa a música com pseudônimo Claudius, o Maestro Spartaco Rossi.
Apresentaram também suas versões: ‘Ilgacir’ o Paulino Martins Alves de Ponta Grossa. ‘Claú’ a Vasti de Souza Almeida de Itapetininga. ‘Baran” o Antonio Barbosa de Itapetininga. ‘Cacique e Jacy” o Urbano Rodrigues de Itapetininga. ‘Paulista e Bandeirante’ o Antonio Lisboa de Itapetininga
O Maestro Spartaco Rossi era residente de São Paulo e professor do Conservatório Dramático e Musical ‘ Dr. Carlos de Campos’ de Tatuí.