Franthiesco Ballerini /AE – Listas são sempre polêmicas. Quais seriam os critérios indiscutíveis para selecionar os filmes mais importantes dos últimos 113 anos e deixar milhares de fora? A escolha não teria o olhar enviesado do selecionador, de sua cultura? Como deixar de fora os filmes recentes que ainda não tiveram tempo de virar clássicos?
Tudo isso deve ser levado em consideração ao ler “1001 Filmes para Ver Antes de Morrer”, que a Editora Sextante lançou no Brasil recentemente.
Não são os 1001 filmes mais importantes para ver antes de morrer, mas pelo menos este imenso livro traz uma caprichada seleção de longas-metragens que fizeram história no mundo todo.
Organizado pelo crítico norte-americano Steven Jay Schneider, o livro já foi traduzido para 25 línguas e vendeu um milhão de exemplares até agora. Schneider coordenou o trabalho de 50 críticos do mundo todo, que fizeram uma seleção dos filmes considerados por eles imprescindíveis na cinematografia mundial. O brasileiro que participou da seleção foi o crítico Jaime Biaggio, que trabalhou durante seis anos no jornal carioca “O Globo”.
Dentre os filmes nacionais citados na lista estão “Limite”, clássico de 1931 de Mário Peixoto, “Orfeu Negro” (Marcel Camus), o vencedor de Cannes “O Pagador de Promessas” (Anselmo Duarte), “Vidas Secas” (Nelson Pereira dos Santos), dois filmes de Glauber Rocha, “Deus e o Diabo na Terra do Sol” e “Terra em Transe”, além de “O Bandido da Luz Vermelha” (Rogério Sganzerla) e “Cabra Marcado para Morrer” (Eduardo Coutinho). Das produções brasileiras contemporâneas entraram “Central do Brasil” (Walter Salles), Bye Bye Brasil (Cacá Diegues), “Pixote” (Hector Babenco), “Ilha das Flores” (Jorge Furtado), “Dona Flor e Seus Dois Maridos” (Bruno Barreto) e “Cidade de Deus” (Fernando Meirelles). Pena que nenhum dos brasileiros compareça no livro com alguma imagem ilustrativa.
A maioria dos 1001 filmes foi feita nos Estados Unidos. Não que o país tenha produzido o maior número de clássicos, é simplesmente porque Steven Jay Schneider nasceu, cresceu e se formou profissionalmente naquele país, lançando predominantemente seu olhar sobre o que é mais importante na produção mundial.
O mesmo aconteceria se o livro tivesse sido organizado por um crítico brasileiro, ou seja, haveria muito mais filmes nacionais do que estes que constam na lista, já que tendemos a ter um leque de seleção muito maior dos produtos na qual somos culturalmente mais ligados.
De qualquer forma, Schneider usou alguns critérios de seleção importantes, como o fato de todos terem sido bem recebidos pelo público ou pela crítica, trazerem uma estética inovadora ou um conteúdo polêmico, terem virado clássico ou levado milhares de espectadores aos cinemas.
Um ponto bastante positivo do livro é sua ótima qualidade de impressão, além de ser ilustrado com centenas de cartazes e cenas dos filmes escolhidos. Além disso, o trabalho é organizado por décadas, o que permite ter uma noção histórica e evolutiva do cinema em termos tecnológico e temático, além de trazer resenhas e a ficha técnica dos mesmos.
Ainda assim, aparecem filmes duvidosos como “Entrando Numa Fria” (2000) e “Desejo e Reparação” (2007) entre os 1001 clássicos.
Tudo bem. Assim como futebol e religião, uma lista como essa também não se discute, apenas se aprecia com moderação
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