Nuncio Roberto Chieffi* – Na bolsa de minha mulher, sempre tem o que convém.
De início iremos descrevê-la: É alta, larga e grossa.
Lá cabe de tudo. É batom, ruge, blush, perfume e lápis de sobrancelha. Para escrever tem lápis B, HB, e BB. Tem caneta: Bic, Parker 81 e lapiseira. Há pente, pó de arroz e escova. Remédios vários. Todos os documentos. O desodorante, agulha, dedal e linha, e como não podia faltar: a tesourinha. Band-Aid, esparadrapo, fita isolante e papel higiênico.
Chaave de fenda, alicate, canivetes, papéis de importância e sem. Cordinhas, cordões, e um enroladinho de arame.
Ah, a bolsa de minha mulher! … Tenho eu, ela e os filhos, em retratinhos.
Lá, não podia deixar de ter numa latinha, um pouco de café solúvel para uma emergência. Pois, não pode acontecer que, na hora da visita, esta, pode não o ter ? E aí, da bolsa, o café com certeza, é servido.
E, as chaves do carro! …
-Meu bem, cadê as chaves ?
-Na bolsa.
Fui procurá-las. Abri a bolsa. À primeira vista vi de tudo e não as chaves. Vasculhei e não as encontrei. Revirei seu conteúdo sobre a mesa e, além do descrito ainda achei: um pote de creme para a pele, um maço de velas brancas, uma rosa de pano vermelha, um papel avulso com receita de ervilhas secas, um paco-tinho de orégano e de canela, uma vela de carro e um chaveiro vazio.
Não encontrei as chaves do carro.
-As chaves não estão lá, meu bem! …
– Não estão na bolsa ? Como não?!
– Já falei. Não estão, ora!
– Então, que fazer! Acho que as perdi! …
* O autor é jornalista. O artigo foi publicado originalmente em 1981
Mais de 20 mil pessoas vivem na linha da pobreza
Em Itapetininga, 20.814 pessoas vivem na linha da pobreza, ou seja, aquelas cuja renda per capita mensal familiar não ultrapassa o valor de R$ 706, metade de um salário mínimo,...