A constatação de que a soma dos salários dos 10% mais pobres da população brasileira é de apenas 1,1% do total da massa de rendimentos nacional e que, para chegar à soma do salário mensal dos 10% mais ricos – que detém 44,5% do bolo – os pobres têm de trabalhar 39 meses, demonstra claramente que vivemos num país desigual. Os números são ainda mais gritantes quando revelam que 1% dos mais ricos recebe em média R$ 16.560,92, o equivalente a 120 vezes o salário dos mais pobres, de R$ 137,06 mensais. Ainda escandaliza mais a revelação de que brancos e asiáticos ganham o dobro dos negros, pardos e índios e que homens recebem 42% a mais do que mulheres.
A própria planilha do censo demonstra que, nos últimos 10 anos, o nível de consumo da população ampliou-se em itens como microcomputador, telefone celular, máquina de lavar e até no automóvel. Mas como pode o indivíduo elevar seu nível de consumo se sua renda não aumenta?
Nosso país, sexta economia do mundo, infelizmente não tem muito o que comemorar. Só poderá fazê-lo no dia em que tiver encontrado a fórmula mais justa de aproximar o menor do maior salário e, principalmente, de fazer com que o elevado volume de impostos arrecadados da população seja efetivamente aplicado em serviços públicos de qualidade. O que temos hoje é um verdadeiro massacre e o risco da explosão social.
Dirceu Cardoso Gonçalves
Mais de 20 mil pessoas vivem na linha da pobreza
Em Itapetininga, 20.814 pessoas vivem na linha da pobreza, ou seja, aquelas cuja renda per capita mensal familiar não ultrapassa o valor de R$ 706, metade de um salário mínimo,...