Marco Antonio – Uma moto e uma estrada. A combinação perfeita para viajar. Quem é apaixonado por motos sabe a sensação de liberdade e a experiência, muitas vezes inigualável, que é pilotar uma moto pelas rodovias de um país, qualquer que seja ele. Um marco na história do cinema, o filme Easy Rider mostra com exatidão a filosofia que muitos motociclistas seguem: viajar sem rumo, pelo puro prazer de viajar. Para alguns, não é o destino que importa, mas a viajem em si.
Em Itapetininga, um grupo de apaixonados por motos costuma se reunir e viajar no melhor estilo do filme protagonizado por Peter Fonda e Dennis Hooper. Desde 2005, o grupo (que reúne motos e pilotos de várias tendências e estilos) viaja por roteiros pré-definidos por diversos Estados americanos.
No último passeio, realizado em maio deste ano, os itapetininganos cruzaram os Estados Unidos de leste a oeste, usando a lendária rota 66, que vai de Chicago à Los Angeles, com um percurso de mais de 2,4 mil milhas ou mais de 3,9 mil km. A rodovia, criada em 11 de novembro 1926, foi durante muitos anos a principal rota de acesso à Califórnia e caminho de aventureiros, servindo inclusive de cenário para o filme com Peter Fonda.
Com o mesmo espírito de liberdade, mas sem deixar de lado a segurança, o grupo itapetiningano (auto denominado Riders Brasil), viaja por roteiros pré-escolhidos e conta com um apoio de uma van, que leva as bagagens da turma.
Guilherme Nalesso um dos organizadores, lembra que tudo começou quando um grupo de amigos, que incluía os médicos Cláudio Barsanti e Carlo Sacco, o advogado Alexandre Hungria e o arquiteto José Lauto Nalesso, esteve nos Estados Unidos, para participar das comemorações em torno do centenário da fábrica da Harley Davidson, em 2005. Segundo ele, o grupo foi crescendo a cada ano e, na última viagem, já contava com 20 integrantes.
Visual é importante
“O mais importante nestes passeios é o visual. É curtir a paisagem”, afirma Nalesso. Segundo ele, viajar pelas estradas americanas pilotando uma Harley é a realização de um sonho de muitos. “Todo mundo volta a ser criança na viagem. É uma coisa ótima para combater o estresse e reforçar os laços de amizade”, conta o organizador. E as HD são de longe as preferidas pelos viajantes.
No passeio deste ano, por exemplo, o grupo alugou 11 Harley e cinco BMW para a viagem. O trecho percorrido foi de San Francisco (Califórnia) até Las Vegas (Nevada). No caminho, um desafio: passar pelo Vale da Morte, área desértica que registra as mais altas temperaturas nos Estados Unidos. “Com o calor, as motos podem apresentar problemas, por isso passamos de madrugada pelo vale”, contou o organizador.
Mas o leitor deve estar se perguntando: ninguém viaja pelo Brasil? Claro que viajam, mas cada um com sua turma e ao seu modo. Como disse o organizador do passeio, o grupo que viaja no exterior é heterogêneo, reunindo aqueles que gostam de velocidade (ou “abrir o gás”, como dizem) e os que preferem rodar mais macio, leve. “No Brasil, nos reunimos para organizar a viagem ao exterior, mas cada um tem o seu grupo que gosta de passear por aqui”, afirma Guilherme Nalesso
Um médico e uma paixão
O médico itapetiningano Carlo Alberto Sacco, de 69 anos, é apaixonado por motos desde a juventude. Sua preferência, é claro, são as Harley. Em seu consultório, podem ser vistas miniaturas de motos. A paixão de Carlo é antiga. Quando tinha 16 anos, gostava de andar na moto de um irmão.
“Depois fui estudar, trabalhar e só depois de muitos anos fui comprar uma moto”, contou o médico, que abre um sorriso fácil ao falar das motos. Em 1989 comprou sua primeira HD, fabricada em 1948. Ficou com ela durante 12 anos, período em que a reformou completamente, deixando-a praticamente original. Carlo Sacco chegou a viajar para os Estados Unidos, onde comprou peças para sua moto. Depois, como ele mesmo disse, “apareceu outro louco, mais do que eu, e comprou a moto”. Atualmente, o médico possui uma Electra Glide, ano 98. Com ela, chegou a percorrer 500 km em um dia.
Integrante do Taurus Moto Clube, ele descreve o prazer de viajar como “um conjunto de fatores que inclui liberdade e a sensação de pilotar uma Harley por boas estradas e com segurança”, referindo-se, claro, aos passeios no exterior. O veterano por viagens sob duas rodas diz que vai continuar “até onde a saúde deixar”.
Mais de 20 mil pessoas vivem na linha da pobreza
Em Itapetininga, 20.814 pessoas vivem na linha da pobreza, ou seja, aquelas cuja renda per capita mensal familiar não ultrapassa o valor de R$ 706, metade de um salário mínimo,...