O assassinato da juíza Patrícia Acioli , no Rio de Janeiro, chama a atenção para a gravidade da vida nacional. Quando o magistrado é ameaçado, caçado e liquidado fisicamente, resta à sociedade o agudo sentimento de desproteção. Antes de Acioli, outros juízes já tombaram em razão de seu ofício e nada ou pouco tem sido feito para proteger a classe.
Ao lado da modernidade, temos visto a sociedade perecer por não valorizar, negligenciar ou não modernizar procedimentos. A ausência do Estado deixou crescer o crime organizado e o seu domínio, a ponto de facções montarem verdadeiros exércitos que confrontam a força oficial, chegando a dar ordens em estabelecimentos públicos, como os presídios. Os esquemas criminosos cresceram tanto que, quando o Estado, pelo seu braço legitimamente constituído, decide puni-los, acabam ocorrendo episódios como o da juíza carioca.
Mas o descompasso não está apenas nos tribunais e na estrutura policial. Nos últimos dias, o país viu as imagens das alunas e depois suas mães brigando na escola mineira, do aluno chutando a diretora e da mãe de aluna que foi à escola onde, à traição, agrediu a professora e agora teve a ordem de prisão decretada. Esses episódios que ganharam repercussão constituem apenas a seqüência de uma série de outros desatinos cometidos por jovens e pais dentro de escolas cheias de problemas, que não correspondem às necessidades da sociedade atual. Ainda há a incômoda presença dos menores de 12 anos, que passam a agir em grupos e podem ser usados por esquemas criminosos, já que não podem ser punidos.
Governo, Tribunais, Ministério Público e a Sociedade Organizada precisam agir rápido. Jamais teremos um bom destino se o Judiciário e o MP não puderem contar com a necessária tranqüilidade para desenvolver suas atividades e se a Escola, em vez da tradicional casa do saber, restar curvada à falta de limites dos jovens rebeldes e à estupidez de pais irresponsáveis.
Tenente Dirceu Cardoso Gonçalves
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