-Pedro Novaes – A baixa qualidade e deseducação de alguns programas das emissoras de TV abertas brasileiras já renderam muitos discursos, artigos, debates e manifestos coletivos.
Na prática, contudo, bem pouco tem sido realizado, e sequer a indicação etária, com rígida adequação de horários e conteúdos, é conduzida com eficácia. Campeia, acreditado, o falso argumento de que basta o acionamento do controle remoto para erradicar os males das programações impróprias.
O controle remoto socorre famílias e pessoas com algum nível de informação, mas os males da deseducação atingem justamente os que menosprezam sua utilidade. Valores e conceitos acabam demolidos, pelo suceder de cenas e pregações irresponsáveis.
A nova versão do BBB, da Rede Globo de Televisão, apresentou aos brasileiros animado festival alcoólico e insinuantes movimentações sob o edredon.
O programa, com ridícula indicação etária para 12 anos, consegue a façanha de movimentar milhões de Reais, jogando ao lixo igual ou superior cifra, gasta em programas educativos, públicos e privados, que pregam, à exaustão, o comedimento na ingestão de álcool, o sexo responsável e as boas maneiras.
De quebra, lança a todo o país a injusta decisão de expulsar o macho das cenas sob o edredon, mantendo no programa a fêmea, mesmo após as mútuas declarações de consenso.
A bebedeira televisada e as intimidades entre pessoas recém conhecidas banaliza as relações humanas e torna o álcool instrumento de inserção social. TV e patrocinadores parecem não dar grande importância ao conteúdo explícito e mensagens sub-liminares da programação.
O BBB-2012 tornou-se um caso de polícia, pela possibilidade de envolver um estupro. A disseminação das imagens, por outras emissoras, internet e mídias impressas, transformou a baixaria em assunto nacional, majoritariamente condenada.
A curiosidade coletiva acabou elevando a audiência do programa, que segue assistido e, contraditoriamente, condenado. A Globo e seus patrocinadores tiveram a credibilidade abalada, justamente nos estratos formadores de opinião.
Quinhentos anos de história e uma constituição primorosa parecem não bastar, e seguimos reféns da falta de ética de emissoras e patrocinadores. Audiências e lucros não podem ser obtidos com baixarias que deseducam.
Mais de 20 mil pessoas vivem na linha da pobreza
Em Itapetininga, 20.814 pessoas vivem na linha da pobreza, ou seja, aquelas cuja renda per capita mensal familiar não ultrapassa o valor de R$ 706, metade de um salário mínimo,...