Alberto Isaac – Um dos prédios considerados históricos de Itapetininga, localizado na parte central da cidade, na Rua Quintino Bocaiúva, atualmente em estado precário de conservação, servindo há anos passados para algumas cenas da novela, da antiga TV-Tupi, “Éramos Seis”, se encontra sem destino e “sem qualquer possibilidade de venda”, segundo comentários.
Denominado “Solar dos Rezendes”, família tradicional do município, o sobrado com aproximadamente 205 anos e tido em conta como o mais antigo da localidade, foi construído pelo Coronel Edmundo Trench e vendido posteriormente a Domingos Wagner. Este, tempos depois, repassou – fins do século XIX – a Manuel Rodrigues Rezende, cujos 13 filhos nele nasceram e se criaram.
Os filhos, alguns falecidos recentemente, “com coragem, oportunidade e meios”, conseguiram recuperar há tempos passados todo edifício, conservando as características, “dando um toque todo saudosista para os velhos habitantes da cidade”.
Situado na antiga Rua da Tropa – caminho por onde passavam equinos e muares sob as ordens dos tropeiros, o sobrado, conforme muitos se recordam, tinha na parte inferior, um grande armazém, onde se vendiam desde agulha até artigos de couro e depois “ali se estabeleceu o Bar 21 Estados, do dinâmico Arthur Matarazzo”. No quintal, uma área de extensão quilométrica, plantava-se uva e fabricava-se vinho, aliás, de boa qualidade e muito apreciado pelos doutores e elite de Itapetininga”.
O sobrado dos “Rezendes” sempre atraiu a atenção de todos os que visitavam a cidade e foi muito retratado pelos turistas, pois lembrava em muito os prédios da cidade histórica de Ouro Preto. Durante muitos anos pessoas importantes do Estado, como os governadores Jorge Tibiriçá, Julio e Fernando Prestes de Albuquerque, além de Armando Sales de Oliveira, se hospedavam nessa residência.
Comerciantes e alguns empresários da cidade e da capital estiveram interessados em adquirir o imóvel e um alto diretor do Banco Itaú “pagava o que fosse pedido pelos proprietários ou responsáveis”. Pretendia transformar o sobrado em uma casa de fim de semana para ele, os familiares e amigos.
Sabia-se que o sobrado, pela sua posição estratégica na cidade e com muitos cômodos, na Revolução de 1932 – uma epopéia paulista – constituiu-se no local das reuniões do batalhão 14 de julho. Ali se traçavam os planos de combate e era também onde se realizavam em décadas passadas os famosos bailinhos e saraus. Estudantes e outras jovens “da sociedade eram presenças constantes, destacando-se a cantora Alzirinha Camargo, sucesso no rádio brasileiro nas de décadas de 1940 e 1950, a aviadora Anésia Pinheiro, a primeira aviadora brasileira e o escritor Batista Cepellos, todos Itapetininganos”.
Não há muito, invadido por moradores de rua, que lá permanecem algumas noites, o prédio sofreu risco de incêndio, razão pela qual as quatro gigantes portas foram protegidas por resistentes madeiras. Com sete janelas, escadas, portas, uma sala, três quartos, despensa e banheiro (o primeiro construído em Itapetininga) representava um orgulho da família e dos inúmeros descendentes: sobrinhos, netos, bisnetos e outros parentes de Manoel Rodrigues Rezende, além de ser o marco inicial da fundação do município.
Se nada acontecer de novo, em pouco tempo esse monumento histórico da cidade também poderá se transformar em mais um estacionamento frio e sem história.
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