Orestes Carossi Filho – A moradora do número 191 da Virgilio de Resende, Neli Galvão, é uma mulher privilegiada. Sua rua é palco do desfile de fundação de Itapetininga. Há 40 anos, observa da janela de seu quarto a passagem de alunos, integrantes de entidades e soldados do Tiro de Guerra. Neste ano, cerca de 10 mil pessoas assistiram ao desfile de aniversário de 238 anos da cidade. Cada um de um jeito. Cada um com uma história.
A mulher, de 73 anos, diz que a diferença daquele tempo, para os dias atuais está no passo. Hoje, segundo a moradora, os participantes somente andam, antes marchavam. “Olha lá, olha. Eles estão andando”, comenta a atenta moradora. Para Neli, a principal vantagem é que depois de uma escola passar em frente à sua casa, ela vai tomar um cafezinho. “É confortável”, resume.
Para a conversa ficar animada, Neli convidou sua amiga Maria Djanira para acompanhar a comemoração de 5 de novembro. Maria, que mora em São Paulo, visita parentes e amigos que possui na cidade. É a primeira vez que assiste o desfile da casa de Neli. Lembra da filha que percorreu a Virgilio com flores. Por sua vez, Neli lembrou também da filha que vestia a fantasia de odalisca.
“Isso marcou”, conta as duas amigas. Elas observam que o público reduz a cada ano. Para incentivar o comparecimento de alunos, escolas prometem retirar faltas e dar pontos na nota. “Ainda mais no final do ano que os alunos estão enforcados e precisam de notas”, brinca Neli.
Uma das exceções é a estudante Thielen Passos, 1º ano do ensino médio do Peixoto Gomide. Ela estava às 7h50 pronta para descer a Virgílio de Resende, com um uniforme que remete à década de 60. O visual é diferente do cotidiano, em que uma camiseta e uma calça jeans vestem os jovens estudantes.
Thielen diz que se preparou por um mês para o desfile. Não entrou na Virgilio em busca de pontos. Mas admite que outros alunos são seduzidos pela proposta. Ela diz que a Escola Peixoto Gomide tem bom nível educacional, mas reclama da falta de professores.
“Tem que repor em dezembro”, lamenta. Laura Lopes, que não desfilou, concorda com a amiga. “O que atrapalha é a falta de professores.” O colega Rafael Rodrigues diz que são cobradas notas, mas não é dado o conteúdo. Sobre a rebeldia é taxativo: “a gente responde da mesma forma que é tratado”.
Para a professora Mercedes Almeida Palomo, que foi professora e diretora da Escola Peixoto Gomide, entre 1962 a 1974, a educação pública declinou. Ela disse que é necessário refletir que a rebeldia é própria da juventude, mas há falta de educação no comportamento dos estudantes. “Infelizmente piorou (a educação).”
Destaca que algumas escolas oferecem ensino de qualidade, como a rede pública municipal e algumas escolas estaduais. Sobre o passado, frisa que “o contato com a juventude não deixa envelhecer”. Para Domingos Portela, uma das chagas da educação é a aprovação automática. “No passado, os alunos estudavam de verdade.”
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