Redação – Itapetininga possui o seu próprio linguajar. Basta conversar algum tempo com um itapetiningano, e inevitavelmente, ele soltará o famoso “ché”, confirmando a sua origem. O Itapetininguês, como é conhecido, assim como qualquer outra linguagem popular, é formado por palavras típicas da cidade e expressões regionais que tiveram seu sentido original alterado. Há também aquelas palavras que só o itapetiningano fala. É comum por aqui um verbo no gerúndio ganhar um diminutivo e se transformar em “chovendinho ou correndinho”.
Outra expressão muito utilizada na cidade é “vô chegando” que, ao contrário do que se parece, é sempre dita quando a pessoa está prestes a sair. “Itapetininga é a única cidade em que se chega na hora de ir embora”, brinca a professora de produção de textos e Literatura, Mariana Riedel. “Aqui também é a único lugar em que se guarda um defunto – uma expressão muito utilizada para dizer que se vai ao enterro. Esta expressão é da nossa cidade, mas também é falada em algumas cidade vizinhas”, afirma.
As escolas sempre tiveram a cultura erudita como parâmetro. Na medida em que a cultura popular finca raízes e conquista seu espaço, essa situação também vai mudando. De acordo com a professora, esse tipo de linguagem é uma manifestação autêntica da cultura caipira e, consequentemente, da cultura regional. “Hoje em dia se fala muito da importância do regionalismo nas escolas”, afirma. “Eu sempre costumo dizer que a linguagem é a nossa primeira fronteira”, diz.
Muitos poetas e escritores publicaram livros, perpetuando a linguagem falada na cidade, como o conhecido Nhô Bentico, o Poeta do Monte Santo, Tedy Vieira, autor da música “O Menino da Porteira”, entre tantos outros. É também possível encontrar na internet o clipe da música “Eu falo Xé”, do produtor cantor itapetiningano WM, morador da Vila Mazei, que brinca com as expressões da cidade.
Sotaque caipira
Além do vocabulário, a cidade também tem um sotaque peculiar. De acordo com o pesquisador e linguista Silvio de Andrade Filho, o sotaque caipira da região de Itapetininga caracteriza-se pela marcação do “e” gráfico sempre pronunciado como fônico. Assim, palavras como “quente” e “dente” possuem o “e” átono pronunciado como /e/ e não como /i/, comum no português padrão do Brasil.
Porém muitos itapetininganos também puxam o “erre” ao falar palavras como “porta”, que é a característica mais típica do sotaque do interior de São Paulo. Segundo o Andrade Filho, a pronúncia do som grafado com “r” em palavras como “porta” que alguns acham feia faz parte da identidade cultural da região. “O curioso é que muitos que acham feia a pronúncia do “r” de “porta” no português, acham bonito este mesmo som quando pronunciado na palavra “war” do inglês. O som é o mesmo em ambas as palavras. Será que este fato revela perda de auto-estima por parte de alguns brasileiros?”, pergunta o estudioso
Sílvio Vieira de Andrade Filho é autor dos seguintes livros: “Um Estudo Sociolingüístico das Comunidades Negras do Cafundó, do Antigo Caxambu e de seus Arredores”, Secretaria da Educação e Cultura de Sorocaba (2000), “Guareí” (2004) e “Itapetininga” (2006).
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