Everton Dias – Ao som da viola caipira, o cantador entoa uma moda. Os integrantes do grupo, atentos à música, dançam, batendo palmas e sapateando. As apresentações do grupo de catira Nossa Senhora Aparecida do Sul de Itapetininga sempre teve um significado especial. Manifestação folclórica importante na região, a dança corre o risco de ser esquecida. “Hoje são poucos os grupos formados no Estado de São Paulo”, explica João Maria Rodrigues, 80 anos, mais conhecido como João Coragem. “Essa tradição está se perdendo. Por isso as iniciativas que buscam revivê-la são muito bem-vindas”, enfatiza.
O grupo, há mais de 30 anos resgata, divulga e preserva a dança, a música e a cultura. A Catira pode ser considerada como autêntica dança brasileira. De nome e origem indígena, é uma espécie de sapateado brasileiro executado com “bate-pé” ao som de palmas e violas, especialmente praticada nos Estados de São Paulo, Minas Gerais, Goiás e, também, em menor escala no nordeste. “Em Itapetininga só há o nosso grupo, que atualmente conta com apenas oito integrantes”, afirma.
Ele conta que sua paixão pela dança começou no sítio onde vivia com a família, no município de Guareí. Com menos de 10 anos, João Coragem já conhecia os primeiros passos da dança. “O meu tio era catireiro e sempre quando tinha uma festa nos apresentávamos na cidade”, diz.
Quando chegou a Itapetininga, há aproximadamente 35 anos, João Coragem e seu amigo José Estanagel de Barros, o Zé Neves, formaram o grupo Nossa Senhora Aparecida do Sul. “Já fizemos várias apresentações na região, em Minas Gerais, Aparecida do Norte e várias cidades do Estado de São Paulo”, explica.
Segundo Zé Neves, a dança catira não se limita apenas em bater palma e sapatear, mas se constitui num estilo de vida de quem está dançando. Naquele momento o dançador se esquece de coisas ruins, trazendo assim muita alegria e descontração, além da dança servir também como identidade familiar para os integrantes do grupo.
“É uma pena que os não se interessam muito, não pegam o jeito. Estamos perdendo também a música sertaneja de raiz e o cururu”, disse. “No sítio onde fui criado, meus familiares eram todos violeiros e caitireiros. Nas festas religiosas, o violeiro batia a viola e nós parávamos de dançar somente às 6h da manhã”.
História
Catira é uma dança do folclore brasileiro, em que o ritmo musical é marcado pela batida dos pés e mãos dos dançarinos.
Tem influencias indígenas, africanas e européias, a catira (ou “o catira”) tem coreografia executada na maioria das vezes por homens (boiadeiros e lavradores) e pode ser formada por seis a dez componentes e mais uma dupla de violeiros, que tocam e cantam a moda.
É uma dança típica do interior do Brasil, principalmente na área de influência da cultura caipira (Mato Grosso, norte do Paraná, Minas Gerais, Goiás e partes de São Paulo e Mato Grosso do Sul).
A coreografia da catira é quase sempre fixa, havendo poucas variações de uma região para outra. Normalmente é apresentada com dois violeiros e dez dançadores.
Segundo historiadores, a dança foi incurtida no caminho das bandeiras, pois era praticada pelo peões dos Bandeirantes, e assim foi sendo defendida pelos peões por onde eles acampavam.
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