-Alberto Isaac – “Não devemos ser como árvores, presos a um só lugar”. Esta recomendação enfática era ouvida por jovens, há décadas passadas, emitida por um senhor respeitável chamado Alonso, vindo da cidade praiana de Santos e pretendendo dar as primeiras lições de pugilismo a um grupo que aspirava dedicar-se a esse esporte mesclado de arte.
As suas palavras significavam que o lutador daquela área deveria movimentar-se o máximo possível e “não ficar plantado como uma árvore sempre imóvel”.
Naquela época, em que a cidade, nem tanto grande nem tampouco pequena, praticava quase todos os esportes. Natação intensa nos rios locais – “Cachoeirinha, chá – Carrito – e depois na novel piscina do Venâncio Aires”; atletismo na convidativa quadra do 5º Batalhão de Caçadores; basquete e volley usando as quadras da “Peixoto” ou do “Ginasinho”; futebol nos campos da Associação, Clube Atlético Sorocabana ou DERAC e, também, na várzea (fut-sal não existia); ciclismo nas vias públicas; Judô na Associação Nipônica da Coopercotia; tênis no “areião” atrás do Clube Venâncio e tênis de mesa no Grêmio Estudantino Fernando Prestes ou nos clubes sociais. Ah! E as caminhadas empreendidas por alguns, em algumas ruas, onde se destacava Osmair Meira, futebolista da Associação e visto toda madrugada “correndo e caminhando só de calção, daqueles que chegavam até os joelhos”.
Mas, então se pergunta: e o boxe onde entra nisso? Pois o pugilismo passa a integrar na história, em razão dos lendários nomes de Joe Louis e Jack Dempsey, americanos campeões que deslumbravam o mundo e popularizando o pugilismo. Ele passou a existir praticamente em Itapetininga em uma garagem da Padaria São João, na época dirigida pelo português João dos Santos Silvério, o mentor da ideia foi o entusiasta Ari Pena – que também jogava futebol – genro do proprietário do estabelecimento.
O boxe (em inglês box) era um jogo de ataque e defesa a socos e seguindo determinadas regras: lutava-se com os punhos fechados, usando-se luvas, entre dois adversários. Assim, orientando, com um pouco de técnica, Ari Pena dava as primeiras instruções aos jovens interessados daqueles tempos, como Luizão ferroviário da EFS) Papa (o carteiro Josildo), Tico-Tico – também um craque do futebol local – Juca Rolim, Rubens do Carmo – conhecido como De Burro e também Miro (funcionário do Café Santo André), Darci Lopes – cunhado de Ari Pena – Virgilião, Fortunato, Sampaio e Fião, este dedicando-se até hoje – mas no pedestrianismo.
Os treinos eram realizados constantemente não só na garagem, como nos fundos de uma residência, na própria Rua Aristides Lobo, sem espaço dotado dos apetrechos necessários e principais; “uma modesta academia em clima eletrizante e entusiasta”, como lembra Argemiro, ainda com muita saudade daquela fase de sua vida. Luiz Augusto, Jorge Luiz e outros adolescentes, que tiveram aulas de boxe com o técnico Alonso, não esquecem que o material: luvas, calções e tênis, eram adquiridos na sapataria Matarazzo, de Costábile Matarazzo, na Rua Quintino Bocaiúva, sendo ele um dos incentivadores do esporte na cidade.
Os rinques – quadrilátero limitado por cordas, montados nos palcos dos cinemas Ideal e São José, e também no pátio do velho Mercado (da Quintino), receberam lutas protagonizadas por Coroa de Padre, Mineirinho, Virgilião, Fortunado, Tico-Tico, Ari Pena e mais outros da cidade. Muitos lutadores trocavam luvas em circo armados no Largo Pedrinho Rosa e na praça existente em frente à Delegacia de Polícia, com grande público “amante daquele esporte”. Em Itapetininga exibiram-se Kaled Curi, Luizão, Paulo de Jesus, Higino Zumbano, sendo que Olga Zumbano enfrentou Mineirinho, em luta no picadeiro de um circo que funcionou onde hoje encontra-se uma unidade de saúde.
Os praticantes de boxe, além do exercício físico saudável, achavam que ele tem a virtude de descarregar toda sensação de rigidez muscular em certas partes do corpo, ou a intensa concentração física ou mental. Um dos grandes cultores do boxe em Itapetininga e região – por sinal muito conhecido – é o professor Darci Rolim Pinto, que durante muitos anos entregou-se de corpo e alma a esse esporte e tendo como grande amigo até hoje o admirável Eder Jofre, campeão mundial de pesos-galo, lutando em Los Angeles, em 1960, derrotou Eloy Sanchez, sendo o primeiro brasileiro a conquistar a honraria.
Novo Hospital Regional terá especialização em oncologia
A Prefeitura de Itapetininga anunciou nesta segunda-feira, dia 29 o local onde será construído o novo Hospital Regional Estadual de Itapetininga, no Vale San Fernando, uma obra que promete beneficiar...