Orestes Carossi Filho – “A música sertaneja é desprovida de qualquer valor poético.” A crítica é do diretor da Escola Livre de Música de Itapetininga, José Maria de Camargo Júnior, que aponta uma confusão do público entre a música sertaneja e caipira. Embora os sons sejam próximos, existem diferenças substanciais entre os dois estilos. “A sertaneja não é raiz (caipira).” Ele lembra que a dupla Tonico e Tinoco ou Teddy Vieira faziam música raiz que possui autenticidade na poesia.
Em sua avaliação, a música sertaneja é tecnicamente fraca, com melodias frágeis e poesia reprovável. “Sua estrutura técnica é primária. As letras redundantes.” José Maria explica que esse tipo de música deveria retratar um lugar o que não ocorre. “Qual é lugar que a música sertaneja retrata?” pergunta o diretor. Para depois responder: “Nenhum”, diz o diretor formado pela USP, que trabalha há 60 anos com música, dos quais 25 anos na formação de novos talentos da cidade.
Ele compara a música “Menino da Porteira” com “Calcinha Preta”. A primeira conta um fato, tem uma letra singular e melodia consistente. Este tipo de música, que é intitulada de raiz ou caipira, reconstrói o cenário rural em que vive o músico. “Retrata o que ocorre no sertão.” Por sua vez, “Calcinha preta”, típica música sertaneja, “é uma degradação do próprio estilo.”
Para o diretor, não tem que condenar os ouvintes. “É a nossa estrutura cultural. Tem que respeitar o aplauso do povo.” A maioria do estilo popular “é rotativa.” José Maria compara com uma pintura. “Passados 30 anos, o quadro estará lá.” A música erudita tem uma estrutura consistente. “A música erudita resiste ao tempo.”
José Maria diz que o gênero sertanejo mira o consumo. “A preocupação é com a venda. Não tem qualidade e autenticidade”, dispara o diretor do Conservatório Musical. “Vão compor para ganhar dinheiro. É isso que o público está engolindo. É uma música romântica ruim”, acrescenta. “O interesse da música sertaneja é imediato: vender CDs e programar shows”, resume.
No entanto
O diretor da Oficina de Música, Mário César Chagas, diz que o gênero sertanejo tem o trabalho de baixa qualidade. “As atuais músicas sertanejas possuem uma poesia fraca combinada com uma melodia e ritmo de baixa qualidade.” A principal virtude que tinha no passado que era apresentar o modo de vida no campo foi praticamente eliminado. “Tem muito pouco a vida do sertão.”
As rimas previsíveis e a melodia de gosto duvidoso dominam bares e todos os cantos. “Os ouvintes são fiéis. Existem em excesso.” Com sua preferência é pela música instrumental, Chagas disse que é difícil conviver com este gênero de música. Mesmo em eventos sociais têm que ouvir. “Não há o que fazer. Não vou perder a amizade. Paciência. Tá tocando”, diz. “Eu não gosto”, destaca.
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