Equipe (AE) – Ney Matogrosso diz que passou a entender melhor sua forte ligação com São Paulo quando sua mãe revelou que ele tinha sido gerado aqui. “São Paulo é muito importante no meu universo. A história toda de Secos & Molhados foi aí, eu tinha morado aí antes disso, já tinha um atrativo”, diz o cantor Para gravar o recém lançado álbum “Inclassificáveis” (EMI), ele quis ter uma banda formada por músicos paulistas. Para marcar a nova obra, realizou o show homônimo na cidade.
O repertório – do show e do disco – também é predominantemente de compositores paulistanos ou identificados com a cidade, como Itamar Assumpção, Arnaldo Antunes, Alzira Espíndola, Iara Rennó, Dan Nakagawa, Carlos Rennó, Alice Ruiz, Robson Borba.
Já faz tempo que o cantor vem gravando compositores que nasceram ou fizeram a carreira aqui, como Rita Lee, Arnaldo Baptista, Luiz Tatit, além de alguns dos já citados. De Alzira e Itamar, ele mantém várias canções. A inédita “Existem Coisas na Vida” foi uma que ganhou registro agora. “Faz mais de dez anos que Alzira me passou um repertório enorme. Depois que Itamar morreu, a mulher dele me deu todos os seus discos, inclusive músicas que não foram gravadas. Quando vou fazer um trabalho inevitavelmente vou ali pra ver se alguma daquelas canções deles cabe no repertório.”
O pianista Emilio Carrara, com quem Ney tinha trabalhado no tempo de Secos & Molhados, assina a direção musical do disco e montou a banda com Felipe Roseno (percussão), DJ Tubarão (percussão e pick-ups), Sérgio Machado (bateria), Carlinhos Noronha (baixo e violão) e Júnior Meirelles (guitarra, violões e vocais). A sonoridade é predominantemente roqueira e resultou de criação musical coletiva. “Acredito nessas coisas, funciona melhor quando todo mundo oferece alguma coisa”, diz Ney. Apesar do clima de banda e da relação com Carrara, porém, o cantor diz que não procurou reeditar Secos & Molhados. “Em nenhum momento isso passou pela minha cabeça, não sei por que estão falando isso.” Ney já disse que inclassificáveis somos nós, brasileiros, embora a expressão se estenda ao caráter da maioria dos compositores que interpreta no CD. O roteiro, que descreve uma reflexão do cantor sobre o momento brasileiro, é uma versão enxuta do show: abre com “O Tempo não Pára” (Cazuza/Arnaldo Brandão) e termina com “Divino, Maravilhoso” (Caetano Veloso/Gilberto Gil). No meio tem “Ode aos Ratos” (Chico Buarque/Edu Lobo), “Inclassificáveis” (Arnaldo Antunes), que formam com as duas citadas o eixo mais agudo e enérgico do conjunto, com as letras e arranjos mais incisivos. Os arranjos pesados, próximos do rock, têm relação não apenas com o teor dessas canções, mas com o que Ney pretendia com o visual do show. “Antes de montar o repertório eu já estava fazendo os figurinos, então já tinha uma noção de que algo mais extravagante chegaria. E achava que um som mais pesado estaria mais de acordo com isso”, diz. O clima não é o mesmo do começo ao fim, “tem liberdades para outras saídas, dentro do disco e do show, mas ele tem uma idéia central”. Uma das alternativas ao componente político é a sinuosa “Veja Bem, Meu Bem” (Marcelo Camelo).Ney regravou três canções de seu repertório. “Mente, Mente,” do disco Bugre (1986) é uma que ficou melhor que a original. A outra é “Por Que a Gente é Assim?” (Cazuza/Ezequiel Neves/Frejat), do álbum “Destino de Aventureiro” (1984). “Mal Necessário” (Mauro Kwitko), continua com a mesma força de quando foi revelada em Feitiço (1978). Duas canções vêm de fora: “Sea”, do uruguaio Jorge Drexler, e a inédita “Lema”, do africano Lokua Kanza (do Congo), com letra de Carlos Rennó. “Quando vi Drexler cantando essa música num show, desatinei com a imagem de ´ya está en el aire firando mi moneda/ que sea lo que sea´. Essa imagem me perturbou, me tocou numa coisa que tenho correspondente a isso.”Os versos de “Lema” surgiram de uma conversa de Ney com Rennó no camarim sobre diversos assuntos, entre eles sexualidade e envelhecimento. “Quando ele me mostrou a letra gostei muito, porque é uma abordagem muito diferente da idade, nunca ouvi nada que tratasse desse tema dessa maneira”, diz Ney. O CD era para ser gravado ao vivo, mas acertadamente Ney optou por fazê-lo em estúdio, deixando o registro do show para o DVD. “De Novo” (Fred Martins) e “Seda” (Lobão/Cazuza) foram limadas do repertório porque faziam o show (e o CD) patinar. “Não é que eu goste menos dessas canções, mas tenho de ser objetivo. Não se pode ter envolvimento emocional nesse momento.”
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