Alberto Isaac – Além de um carrinho, de dimensões razoáveis, primorosamente polido e reverberando ao sol, em que oferecia sorvetes de diversos sabores, o jovem Rage também vendia barras de gelo na Itapetininga das décadas de 1920 a 1940.
Rage Paulo Zaher, que desembarcou no Brasil, após a 1ª Guerra Mundial, terminada em 1918, veio juntar-se a outros patrícios libaneses que já desenvolviam atividades diversas e, principalmente, comerciais no município e região. Residindo na Rua José Bonifácio, entre a Campos Sales e Silva Jardim (junto à Casa Moucachen), mantinha em uma área do quintal, sua pequena e eficiente fábrica de gelo, aliás, a única da cidade, e trabalhando sem nenhum empregado.
Nesta época, anos 1930, eram raríssimas as residências que possuíam geladeiras e muito mais difíceis de encontrá-las em estabelecimentos comerciais e armazéns. Bares, como os famosos “Primavera”, do Abrahão Isaac “São Paulo”, do Malatesta, “Rodovia”, de Kalil Iared, confeitarias existentes, as di Vadozinho, Veneza, Alemão, Nastri, Vendramini e São João, exibiam orgulhosamente rudimentares refrigeradores, mas não produzindo gelo, apenas conservando a temperatura do gelo neles colocados.
Todos esses estabelecimentos, inclusive padarias e residências particulares, assim como clubes, entidades que precisassem de gelo para qualquer necessidade, recorriam ao conhecido Rage, cuja fábrica supria qualquer demanda e “sem limite de quantidade”.
Por processo químico, que aprendeu no Líbano e completado com especialização na capital paulista, Rage fornecia, praticamente, barras e cubos de gelo a toda população itapetiningana e, muitas vezes, atendendo pedidos de cidades vizinhas. Essa atividade ele exerceu por muitos anos, tendo mais tarde a ajuda de seu filho Paulo Rage Zaher, que tornou-se depois um dos mais competentes catedráticos de Matemática, lecionando nos municípios de S. Paulo, Tatuí e na respeitável Escola Normal “Peixoto Gomide”.
Os sorvetes, massas e picolé, fabricados por Rage Zaher eram inconfundíveis, superando a concorrência que disputava o mesmo ramo. De paladar excelente, era vendido em festas, jogos de futebol (nos campos da Associação dos Ferroviários no Largo da Santa Casa), nas festas religiosas e escolares e “locais onde houvesse aglomeração humana”. Como condução do produto, Rage então se utilizava do já citado carrinho feito de bronze, brilhando sob os raios solares e atraindo a atenção pelas ruas onde passava. Constituia-se por si mesmo em uma raridade, jamais visto em lugar algum e “talvez insuperável nos dias de hoje”, como testemunha Osvaldo Piedade, dos altos de seus mais de 90 anos de idade.
Morto em 1944, aos 46 anos, no dia 7 de agosto, sendo que todos os filhos nasceram na mesma casa da Rua José Bonifácio, 318. Em razão disso a fábrica de gelo foi fechada e com ela desapareceu o famoso carrinho que atraia a admiração de todos itapetininganos.
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