-Everton Dias – Terça-feira, três e meia da tarde em Itapetininga. O telefone toca na central do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência – Samu 192 – e a atendente Fabrícia Gertrudes responde ao chamado. Do outro lado da linha, um jovem comunica que a bolsa de sua esposa, grávida de quase nove meses, estourou. A jovem de 21 anos sente fortes contrações.
Após pegar informações sobre a paciente, a atendente repassa as informações, imediatamente, ao médico regulador Denílson Nucci – que decide enviar a ambulância de suporte avançado para o local. São os reguladores que decidem se será necessário mandar ou não uma ambulância ao local da ocorrência. O médico, então, repassa as informações para o radioperador, Chagas, que comunica o condutor Francisco Generoso.
Quarenta segundos após receber a ligação, a equipe com o médico Nucci, condutor Generoso e o enfermeiro Anderson André da Silva está a caminho da residência, na rua Itararé, Vila Arruda. Com a sirene ligada, a ambulância vai em alta velocidade. “Talvez vocês vejam um parto hoje”, diz Silva para a reportagem.
Em cinco minutos, a ambulância chega ao local. Marido e esposa aguardavam na frente da casa. “Quantos meses?” pergunta o médico. “No próximo dia 20 vai fazer nove”, responde a paciente Fernanda. “É o seu primeiro filho?”, pergunta Nucci. “Será o segundo”, diz a paciente. O que você está sentindo? “Algumas contrações e também senti que saiu um liquido”, disse. “Provavelmente você inicie o trabalho de parto hoje”, afirma o médico.
Após a troca de informações, Fernanda é colocada na maca dentro da ambulância, onde o médico inicia os primeiros procedimentos. Ele constata que há um centímetro e meio de dilatação. “Vai levar algumas horas ainda”, informa o médico. Ele inicia o exame para ouvir o coração do bebê. “Escuta pai”, chama o médico. Era a primeira vez que o jovem pai ouvia o coração do seu filho.
A paciente é levada para a maternidade. O médico regulador acompanha e passa as informações para o médico que a aguarda. A reportagem entrou em contato com a maternidade, na manhã da última quinta-feira, e recebeu a informação que o bebê de Fernanda ainda não nasceu.
Segunda história
Poucos minutos após a primeira ocorrência, o Samu recebe outra chamada. “Colisão de carro e moto na rua Coronel Afonso. Há duas vítimas”, informa a telefonista. Outra vez, Nucci opta por enviar a ambulância de suporte avançado. A equipe sai outra vez com o apoio do coordenador de enfermagem Tiago Henrique Moraes. “Acidentes que envolvem motocicletas sempre têm vitimas. Na maioria dos casos, por mais simples, há lesão”, explica Moraes.
Em três minutos a ambulância chega ao local. O trânsito é parado na via. A passageira da moto, uma jovem de 20 anos, está caída ao chão. Ao redor, os curiosos se aproximam. Ela chora. O médico tenta tranqüiliza-la. “Eu não vou conseguir mais andar”, grita a vítima. O seu namorado, o condutor, está em pé, com algumas escoriações. Nervoso, ele tenta explicar o que aconteceu para um policial militar.
Segundo o condutor da moto, ele seguia pela rua Coronel Afonso e colidiu com um carro que não respeitou a sinalização e cruzou a via. “Não deu para frear, bati na lateral do carro”, disse. A jovem informa ao médico que tem convênio e prefere ser levada a um hospital particular. Os dois são levados. No caminho, o médico pergunta se ela quer ser medicada. Ela não aceita.
A central comunica os funcionários do hospital. Após 5 minutos, a equipe chega. “Felizmente não foi nada grave. Ela está bem”, diz o médico. Missão cumprida pela equipe.. “A nossa vida é essa. Todos os dias a mesma coisa. Um minuto pode fazer muita diferença quando se fala em salvar vidas ”, afirma o Nucci.