Luiz Marins (*) – Tenho dito já há décadas que a solução para os problemas que Sorocaba deverá enfrentar neste século 21 está no desenvolvimento das cidades que a circundam. Sorocaba precisa auxiliar, de maneira forte e decidida, o desenvolvimento, a geração de emprego e renda nos municípios vizinhos de Voto-rantim, Piedade, Iperó, Araçoiaba da Serra, Boituva, Salto de Pirapora, Pilar do Sul, por exemplo.
Nada mais míope e obtusa do que a visão de que devemos abocanhar todos os investimentos, gerar aqui todos os empregos, criar aqui todas as riquezas. Sorocaba deve festejar quando Voto-rantim recebe um grande investimento. Deve aplaudir quando Iperó cresce e se desenvolve. Deve regozijar-se quando indústrias se instalam em Boituva ou Salto de Pirapora.
Uma região rica nos fará felizes a todos. Vejamos a região de Campinas. Todos os municípios são ricos – Limeira, Americana, Jundiaí, Pau-línia, Sumaré, etc. Campinas, que nos últimos quinze anos fez uma política de concentração e de pouca integração regional chora de saudade dos tempos em que tinha o tamanho de uma Sorocaba de hoje, tal a violência urbana em que se viu mergulhada. Comparemos com a nossa região e veremos que nossa visão estratégica deve mudar. Temos tudo – excelentes rodovias e infra-estrutura que podem ser otimizadas para que a região cresça e se desenvolva aproveitando o processo de desconcentração industrial e urbana da Grande São Paulo. Já está passando a hora de Sorocaba assumir o seu papel de indutora do desenvolvimento regional. Repito que Sorocaba deve crescer menos e desenvolver mais o seu setor de comércio e serviços de qualidade para servir uma região rica. Assim, tenho mesmo a ousadia de imaginar que nossas autoridades locais, ao receberem uma oferta de um investimento externo devam convidar os municípios da região e para eles dirigir esses investimentos, auxiliando-os em tudo o que seja necessário para que o investimento venha para nossa região. E aí Sorocaba ganhará. Na verdade o grande desafio de Sorocaba é não crescer sozinha. Uma rica Sorocaba circundada por cidades pobres, sem emprego, sem renda, só nos trará o lado negativo do crescimento. Nossa cidade será um rico inferno com 1,5 milhão de habitantes estressados no caótico trânsito, nas imensas filas de hiper-mega-supermercados, no meio da anônima multidão de carros em busca de um lugar para estacionar. E aí leremos nos jornais relatos saudosos dos tempos em que ainda se podia andar nas ruas à noite sem medo da violência, que por certo só aumentará. Esse será o preço de nosso imperialismo regional, de uma política de perde-perde onde só ganharão os especula-dores de terras e de pessoas. Implementar uma política de desenvolvimento regional, com a ativa participação do governo do estado e de todos os municípios é tarefa inadiável e para homens públicos de visão e ousadia. Digo isso porque, com certeza, essa visão terá ardorosos opositores que imaginam que cada vez que um investimento vai para um município da região, Sorocaba perde. Os líderes de visão estratégica só são reconhecidos, muitas vezes, depois de mortos. Durante a vida devem lutar contra a ignorância e a incom-preensão dos que não conseguem enxergar a não ser a um palmo adiante do próprio nariz.
E essa, acredito, não é uma missão para poucos. Todos os que ainda queiram salvar Sorocaba do caos que se avizinha como uma cidade de enormes periferias pobres e incontida violência devem se manifestar para apoiar líderes que tenham a coragem de entender e trabalhar para fazer de nossa região um conjunto de municípios ricos, prósperos, geradores de emprego e renda. E aí estará a nossa riqueza. De nossa região rica virá a nossa renda. De nossa região rica virá a garantia de nossa qualidade de vida. Pense nisso.
(*)Luiz Marins é antropólogo, consultor de empresas e professor universitário.
Texto publicado originalmente no jornal Cruzeiro do Sul em 3 de oututo de 2005.
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