Simonetta Persichetti /AE – Uma fotografia não publicada na época, e resgatada dos arquivos do seu autor 15 anos depois, transformou-se em uma das imagens-símbolo de 1968. Esse registro, feito pelo fotojornalista Evandro Teixeira em junho de 1968, na Cinelândia, no Rio, para o Jornal do Brasil, inspirou o livro “68 Destinos: Passeata dos Cem Mil”. Não era a primeira vez que Teixeira cobria uma pauta desse tipo. Há quatro anos, decidira utilizar sua câmera como uma forma de relatar o que estava acontecendo naquele momento no Brasil: “Acredito no poder da fotografia de transformar o mundo, criar uma consciência”, nos conta ele por telefone.
Teixeira estreou no jornalismo carioca vindo da Bahia, em 1958. Mas naquele dia de junho, ele estava incumbido de acompanhar Vladimir Palmeira, então presidente da UME, na passeata. Havia boatos de que Palmeira seria preso. O AI-5 ainda não tinha sido decretado e, embora os momentos já fossem bem complicados, a passeata foi tranqüila. A foto da marcha que se tornou um símbolo foi feita justamente neste dia. Vladimir discursava e Teixeira fotografou a multidão que o ouvia. Nada de mais, uma imagem bastante usual e comum nesse tipo de cobertura. Olhando o material feito por ele naquela época, encontramos imagens muito mais marcantes, como a vista área da cavalaria perseguindo estudantes, carros incendiados ou do manifestante caído apanhando dos policiais. A imagem da passeata foi para a gaveta. Anos mais tarde, em 1983, ele resolveu publicar um livro sobre seu trabalho no jornalismo. Os designers que chamou para ajudá-lo, ao verem a foto, se encontram na imagem. E uma surpresa: “Agora casados, eles não se conheciam na época e se deram conta que havia participado do mesmo evento anos antes”, relata Teixeira.
Foi assim que nasceu o projeto do livro “68 Destinos – Passeata dos Cem Mil”. Teve início, então, a busca de pessoas que haviam estado na Cinelândia para saber o que havia acontecido com suas vidas e como aquele ano as afetara. O mais importante do reencontro dessas pessoas, porém, foi a reflexão sobre 1968 que, para muitos, “ainda não terminou” e outros preferem esquecer. A foto de Teixeira sintetiza bem o sentimento de uma época de profundas e dolorosas transformações em várias partes do mundo. O rosto dos manifestantes espelha um momento da história do País: “O jornalismo me deu o mundo!”
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