Estou aqui – no seu cantinho – meu amor! Escrevo sobre a escrivaninha de vidro negro que você gosta tanto… E você ficava tão bonita sentadinha aqui… Às vezes, distraída, você jogava os seus cabelos para trás e nesse gesto bailava tanta magia!
Tenho a sensação que você ainda está aqui – Catarina! Tão presente, mas tão presente… É como se, de repente, eu fosse acordar de um sonho estranho, que nunca imaginei sonhar e descobrir que você jamais foi embora desta casa…
Se eu levanto meu rosto, contemplo de imediato, a gravura de Cristo que você deixou aqui, na parede do seu quarto… Ele me olha tão sereno e parece querer me dizer alguma coisa, filhinha, alguma coisa que eu só poderei ouvir com os ouvidos da alma…
Do lado esquerdo, cintila sua estante povoada de livros… Não vá ficar zangada, mas eu já andei bisbilhotando um por um… Você, desde criancinha, sabe que amo os livros… Aproveitei o tempo e passei um pano molhado nas repartições, tirei a poeira dos cadernos mais antigos, mas, depois, coloquei tudo no lugar, bem certinho, viu!
Seus chinelos de dedo também continuam aqui, no mesmo lugar onde você os deixou… Que estranho! Minha princesinha! Parece que a qualquer momento você vai chegar, vestir aquela blusa, a calça Lee; calçar as sandálias que você gosta tanto e a gente vai, outra vez, lá na padaria Laika tomar sorvete e trocar confidências!
Nossa! Catarina! Eu estou aqui, na Lapa, na “Terra da Garoa” e você aí, em Alto Paraíso, em Goiás, mas sua presença é tão forte, mas, tão forte, que tenho a impressão que, de repente, você irá me abraçar!
Te amo, viu, filhinha!
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