Quase só em sua humilde residência em pacata vila de Itapetininga, recebe, raramente, algumas visitas. São pessoas, já envelhecidas, que conviveram com ela em tempos de outrora.
Empregada, há muitos anos, em uma padaria local, que hoje não existe mais, residia com a mãe viúva e um irmão menor. Com poucas amigas, constantemente era vista, em alegres conversas com vizinhos e alguns com quem ela trocava ideias sobre assuntos mais sérios.
Por vezes, frequentava os animados bailes domingueiros do Clube Operário (hoje Recreativo), pois era considerada uma brilhante bailarina, acompanhando os ritmos sob o som da orquestra dirigida pelo maestro Caetano Yanaconi.
A convite de uma amiga íntima, seguiu para a capital paulista para tentar “uma nova vida”, com trabalho digno e uma possível existência cercada de conforto, alegria e felicidade. Acreditava que “lá teria chance de progredir e tornar-se uma pessoa de alto nível e categorizada”.
Mas a vida lhe reservava outro destino. Enfeitiçada por um “jovem mancebo” da capital paulista, “pecou contra a castidade (como diziam antigamente)”, e logo depois, impiedosamente, foi abandonada por aquele que ela considerava como seu “príncipe encantado”.
Sem nenhum parente ou conhecido naquela Paulicéia desvairada, só e gravida, sem outra alternativa, com medo de voltar à casa de sua mãe, foi aconselhada a seguir a profissão que quase todas as mulheres repudiavam, e os “céus condenavam”, a prostituição.
Teve início, então, um novo capítulo na vida da jovem que “viu a sorte transformada em agonia”.
Orientada por uma nova colega, em plena São Paulo, foi conduzida para um bordel, localizado então na Rua Itaboca, paralela a Aymoré, que constituíam a zona do meretrício da pujante capital paulista. Essas vias públicas localizavam-se próximas a famosa Rua José Paulino, no bairro do Bom Retiro.
A região, central da capital, era conhecida em todo o Brasil, pois os bordéis existentes exibiam vitrines onde as profissionais do sexo ficavam expostas para avaliação dos interessados (em Amsterdã, na Holanda, até hoje os bordéis têm essa conduta). O lugar tornou-se então, um dos pontos turísticos mais visitados de São Paulo.
E a nossa conterrânea, hoje nonagenária, lembra-se perfeitamente como atuavam os figurantes principais daquele ramo. “Quase despidas e com gestos sensuais procuravam “atrair possíveis clientes”.
Calculava-se na época que havia quase 100 mostruários de profissionais, como relembra a itapetiningana que exerceu o ofício, contrariada e infeliz, por alguns anos. A Zona do Meretrício do Bom Retiro foi extinta em 1954, pelo então governador do estado, Lucas Nogueira Garcez.
Ela recorda-se deste triste período da vida, com amargura, chora pelo filho, que não sabe onde se encontra, mas esclarece que não havia outro meio de sobreviver, como uma mulher independente, naquela época, em uma cidade completamente desconhecida e alheia ao sofrimento do ser humano
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