Antonio Raposo Tavares O Diabo Existe. Cap III

No ano de 1598, trovões e relâmpagos cortam os céus, daquela noite em São Miguel dos Pinheiros, Portugal. Uma tempestade se aproxima. A terra treme. O povoado… reza. Lampiões e lamparinas se curvam ao vento. Em meio a esta tormenta, ouve-se um choro na escuridão… Nasceu Antonio Raposo Tavares.

Em 1618, já com 20 anos, ele é trazido ao Brasil. Seu pai era o governador da província de S. Vicente. Herdando assim, toda criadagem para seu bel prazer, na terra que acabara de chegar. Mais parecia um príncipe, o poderoso filho. E, como um filho mimado, seu desprezo aos servis, foi sendo nutrido dentro deste menino. Forjado para ser o maior desbravador do nosso Brasil.

Com a morte de seu pai, ele se lança às aventuras, do desconhecido sertão brasileiro. Seu padrinho do mato era um grande caçador de índios. Manoel Preto. E, com este… se embrenha em sua primeira expedição. Rumo a oeste. Trilhas e picadas facilitam a penetração.

Nossa Itapetininga ainda não existia, mas já haviam os primeiros colonizadores deste sertão.

Foi quando a terra foi sacudida por uma massa humana que acabara de cruzar o rio Tapetininga, assim era grafado seu nome nos mapas. Uma verdadeira cidade em marcha. Eram quase 2000 homens armados. Mil índios tupinambás, já domados pelos brancos e servis de primeira frente aos perigos da mata densa. Na verdade, praticamente todos os moradores

Da antiga São Paulo estavam presentes. De juiz à coroinhas. De assassinos à documentaristas. Índios, brancos e mamelucos… todos com uma só intensão: Alcançar a província doGuaíra! Iam Matar e aprisionar. Destruir e aumentar fronteiras. Essa era a principal missão, patrocinada pela coroa portuguesa.

Pernoitaram às margens do rio, para, de manhã, seguirem viagem rumo ao interior.
Em Itapetininga, tiveram o primeiro encontro com nossos índios. Eram os Caiuas. Povo bravio e altivo. Lutaram e resistiram o que puderam. Mas, flechas versos bacamartes, que cuspiam fogo e chumbo… eles fugiram mato a dentro. Mas, seu cacique Tataurana foi capturado pela bandeira de Manoel Preto. Este cacique serviria como isca no futuro.
Quatro divisões descem por rios distintos, do hoje estado do Paraná. Era o fim das Missões Jesuítas. A carnificina havia se iniciado. Mais de 3000 índios foram capturados vivos.
E levados À feira de São Paulo. Mas, como a lei da oferta e procura foi prejudicada, cada índio valia menos que uma mula nesse comércio humano.
Valeria um livro, de administração pública, o que os jesuítas espanhóis fizeram. Creio ser a mais humana e inteligente maneira de se unir e progredir, com fé, amor e respeito. Mas, estava tudo perdido. Treze Missões destruídas. Padres foram mortos na fogueira. Crianças espetadas em lanças. Grandes guerreiros eram esquartejados e dependurados como bandeiras do diabo. Nem o historiador mais cruel pode narrar o espetáculo horripilante que estes demonstraram sem piedade. Não eram só escravos que buscavam. O gado bovino. As mulas para transportes, a prata e o ouro também se fizeram presentes nesta empreitada desumana. Foram capturadas mais de 3 milhões de cabeça de gado e muares. Uma verdadeira mina de riquezas ali assaltadas.
Por trás destas conquistas, havia embutida, a joia maior para a coroa portuguesa: O aumento do território português.
Ao voltarem a São Paulo, aqui Antonio será engrandecido e louvado pelo povo, como um grande caçador e desbravador, a serviço do Rei. Que mesmo recebendo montanhas de cartas pedindo que se parem com estas matanças… nada faziam, diante dos lucros alcançados.
No ano de 1633, já com sangue do diabo em suas artérias, Antonio, cercado de amigos, recebe a visita do bispo de Barueri. Este veio lhe entregar uma carta de desagravo e de excomunhão pelas atrocidades cometidas. Pronto para a santa inquisição. Todavia, rindo e protegido pela coroa… Um de seus amigos (Baltazar, fundador de Sorocaba) dá um tiro bem na testa deste bispo, que sangrará até a morte, enquanto é sapateado pelas botas duras destes.

Imediatamente tomam, saqueiam e destroem a igreja e o colégio de Barueri. Todos os indígenas que resistiram foram mortos e alguns aprisionados para escravos.
Antonio era odiado pela igreja, mas ovacionado pela coroa portuguesa. Sendo convocado
Para mais missões rumo ao interior desconhecido.
Em 1639 parte rumo à Bahia e Pernambuco. Agora o inimigo é outro: Os Holandeses. Xéé, que sobrou um. Antônio era sanguinário. Seu jogo não respeitava regras. Em 1642 já estava de volta, agora como um herói de verdade. Estávamos livres destes “invasores”.
Comendas, medalhas e riquezas não importavam. O apetite em matar era maior que papeis.

Desta vez, as apostas aumentaram. Fora convocada para atingir os Andes. Foram 10 mil Km, 10 anos de bandeiras pelo sertão norte. Onde navegou pelos rios Paraguai, rio Grande, Mamoré, Madeira e Amazonas. Por onde passou, o sangue foi deixado como rastro de destruição. Mesmo assim, as fronteiras se alargaram, o país Brasil já era bem maior. Este legado, nem o mais defensor dos direitos humanos rebate à altura. Sim, foi um feito grandioso, de um homem determinado a este serviço, a esta missão. Merece toda honra por isso.

Já de volta a sua fazenda, agora com o apelido de “O velho” este descansa e colhe as glórias de seus feitos. Na verdade, lhe restava só trapos. Estava pior que cachorro velho, conforme relatos. Morreu em 1658. Velho, doente, pobre, excomungado pela igreja e odiado por todos. Era o fim do diabo na terra, antes chamada de Paraíso, hoje Brasil.
O ônibus que estou, breca violentamente, mais uma vez. Acordo. E, só agora que me dei conta… este dente só pode ser do cacique Tataurana. Vítima maior deste caçador implacável.

Que me tomou em sonho, tudo aqui que os narrei. Seguro com respeito, diante de tanta dor.
Representante maior de um povo exterminado pela ganância, o poder e a maldade dos nossos
Colonizadores. Tidos como heróis no passado. Hoje, mais bem estudados… não são tão ilibados, como apregoado, no passado… sem noção.

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