Desde sua fundação no século dezenove, o Clube Venâncio Ayres, em sua sede social no Largo dos Amores realizou milhares de bailes. Alguns desses eram datados, isto é, aconteciam em determinados meses como os de carnaval (fevereiro), aniversário do clube (outubro) e os de final de ano (ou inicio do seguinte), estes geralmente de formatura dos professorando do ano, da então Escola Normal “Peixoto Gomide”. Para quem não se lembra “professorando” eram os formandos no então Curso Normal, formação de professores primários “hoje: de primeira a quinta série do ensino fundamental”.
Este, era um dos bailes mais esperados dessa cidade, a partir da metade da década de 1940, abrilhantado com orquestras famosas de São Paulo e do próprio interior paulista (até então, muitas vezes, os bailes do professorando eram realizados na própria “Peixoto Gomide” no salão nobre).
Mal as moças e rapazes entravam no ultimo ano do Curso Normal, já pensavam no vestido de baile e no terno bem cortado. Por alguns minutos moças e rapazes com seus padrinhos e madrinhas desfilavam pelo chão do clube, sobe aplausos (muitos? Poucos?) de centenas de observadores. Uma festa concorridíssima.
Comecei a frequentar os bailes do Clube Venâncio Ayres, com quinze, dezesseis anos de idade que participei de alguns inesquecíveis para mim. Um desses, com a presença da internacional orquestra espanhola Cassino de Sevilha. Aconteceu no dia 23 (ou 24?) em maio de 1957, em pleno dia da semana (questão de agenda da orquestra). O Clube sobe a direção de Oswaldo Piedade e de sua equipe: Iolanda Gatti, Maria Aparecida Gemignani (a Cida) e Nilson Arantes, todos saudosos. No momento da apresentação dos componentes do Cassino de Sevilha, estes estavam todos de branco com seus instrumentos. A cortina do palco se abriu e o conjunto causou um formidável impacto na plateia – “oh!”.
Os espanhóis tocavam todos os ritmos: bolero, passo-doble, samba-canção, foxs norte-americanos, mambo, samba e outros mais. Delicia!
Outro baile que vi (que participei) foi um pré-carnavalesco em janeiro de 1958, com o carioca Herivelto Martins (um dos maiores compositores do Brasil), este junto com o “Trio de Ouro” (ele próprio, Noemi Cavalgante e Raul Sampaio (que tornou – se também um compositor fazendo dupla com Euvaldo Gouveia, o Trio Nagô).
Com Herivelto vieram suas pastoras, ritmistas, conjunto musical e crooners. Herivelto Martins e seu, “Trio de Ouro”, naquele ano de 1958, faziam grande sucesso com a batucada “engole ele, paletó”, uma das músicas campeãs daquele carnaval. Até as pessoas que foram apenas ver o baile não conseguiam ficarem sentadas e sambavam pra valer.
Outro, no final do mesmo ano (1958) também na presidência de Oswaldo Piedade, aconteceu o primeiro “baile das debutantes” (ou “baile branco”), quando as jovens de quinze, dezesseis anos de idade por aí, eram apresentadas oficialmente a sociedade venanciana, todas de longo as moças desciam do palco encontravam com seus padrinhos (geralmente o pai ou parentes próximos) e receberam uma rosa da então primeira-dama Terezinha e de Darcy Vieira, então prefeito dessa urbe. Daí a valsa delas. Naquele ano (1958) ao som da Orquestra Pan – American regida por Edil Lisboa e entre as debutantes, os nomes de Angelina Pereira Cardoso (depois Hungria), Maria do Rosario Silveira Porto e Maria Lucia Chagas Silveira (depois Coelho de Oliveira). Já no segundo baile, em 1959, ouviu-se uma canção do cantor compositor Tito Madi fez para todas as debutantes do Brasil: – “você botão de rosa, mais menina que mulher…”.
Como surgimento das guitarras elétricas (o rock n’ roll) foi acabando o som romântico das orquestras. Ficaram raros.
E os bailes transformaram-se…