Criado em 1977 pelo Conselho Internacional de Museus, o “Dia Internacional do Museu” é celebrado todos os anos em 18 de maio, com o objetivo da data é incentivar a população a visitar os museus de sua cidade. Em Itapetininga temos quatro museus nessa edição do Jornal Correio você acompanha um pouco mais sobre eles.
Centro Cultural e Histórico “Brasílio Ayres de Aguirre”
O Centro Cultural e Histórico “Brasílio Ayres de Aguirre” foi o primeiro prédio público de Itapetininga. Inicialmente possuía apenas o pavimento térreo, construído em taipa de pilão para abrigar a cadeia da cidade. Com a criação da comarca de Itapetininga em 1852, o prédio recebeu um novo andar com as mesmas características do andar inferior, onde funcionaram a Câmara e o Fórum. Em 1906, com a saída do judiciário e da cadeia, o prédio tornou-se sede da Câmara e da Prefeitura até o ano de 1989 e devido a sua importância histórica foi tombado pelo Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico (CONDEPHAAT) em 2018.
Em 1991 o local foi transformado no Centro Cultural e Histórico de Itapetininga, abrigando duas exposições permanentes: o Memorial Júlio Prestes de Albuquerque, com o acervo formado por peças, livros, fotos e documentos relacionados ao ex-presidente e o acervo histórico da Revolução Constitucionalista de 1932, expondo fotografias, mapas, equipamentos e condecorações militares da época.
O acervo da revolução conta com registros fotográficos que remontam a fatos marcantes ocorridos em Itapetininga, como a chegada das tropas, a visita de Getúlio Vargas à cidade em 1930, o Hospital de Sangue do Colégio Imaculada Conceição e outros prédios da época. Também há fotos das trincheiras de combates e retratos dos soldados.
Diversas exposições já passaram pelo local, desde artistas locais, artistas nacionais. O grande destaque, anterior a pandemia, foi a exposição de rochas e fósseis encontrados em Itapetininga, que atraiu grande público. Em 2020, com o fechamento dos museus e centros culturais devido à pandemia provocada pelo coronavírus, o Centro Cultural realizou diversas mostras e exposições online, muitas delas interagindo com o público.
O Centro Cultural e Histórico “Brasílio Ayres de Aguirre” poderá ser visitado de segunda a sexta-feira das 9h às 17h, desde que a cidade esteja na classificação laranja do “Plano São Paulo” e observados os protocolos e restrições de ocupação. Novas exposições online estão sendo programadas.
Museu Carlos Ayres
Localizado dentro do entro Cultural Brasil Estados Unidos, uma instituição que foi fundada por Maria Aparecida de Camargo Prestes em 1948 para aulas de Inglês, tem 73 anos, foi construído com verba do consulado americano, hoje a Casa Kennedy abriga o Instituto Histórico Geográfico Genealógico de Itapetininga, a Academia Itapetiningana de Letras, o projeto Guri, aulas de Inglês, aulas de teatro, e o Museu Carlos Ayres. O Museu de Arte Contemporânea , hoje carrega o nome de Carlos Ayres, foi fundado em 1968, por um grupo de artistas, Carlos Ayres, Antônio Arthur de Castro Rodrigues, J. B. Madureira, Mário Zanini, de 1968 a 1982 o Museu Carlos Ayres foi palco de 18 salões de arte, inclusive uma Mostra de arte Contemporânea da Universidade de São Paulo de Di Cavalcanti, os movimentos culturais em Itapetininga, traziam caravanas das cidades da região, para ver as Mostras com artistas famosos do Brasil, e assim o Museu passou a ser referência Cultural para a região.
Em cada Mostra os artistas doavam telas e assim foi formando seu acervo com cerca de 250 obras, entre elas, telas de Carlos Ayres, mosaicos de Serafino Faro, esculturas de Alfredo Oliane, telas de Maria Prestes de Albuquerque Ferreira, telas de Diogines Campos Ayres, telas de Zanini, artistas renomados do Brasil.
Em 2020 o Museu trouxe um projeto pioneiro para a região Museu Carlos Ayres 360 graus, feito por Gustavo de Moraes e também Primeira Mostra online, durante a pandemia, com artistas de Itapetininga e a Mostra acervo e atas da Casa Kennedy, com fotos antigas, continuando divulgando seu acervo e cultura durante a pandemia, nas páginas da Casa Kennedy nas redes sociais.
Museu ferroviário de Itapetininga
Fundado em 06 de fevereiro de 2006, o Museu Ferroviário de Itapetininga conta com diversas peças históricas, entre elas o Seletivo aparelho de comunicação confeccionado em madeira que veio de Letônia cidade de Riga e o aparelho de Staff também de comunicação, fabricado na Inglaterra cidade de Liverpool.
Dois vagões de inox recém-chegado vindo de Bauru aguardam pela reforma, para posteriormente ficar à disposição da população para um turismo ferroviário.
Entre as peças expostas no museu e que recebe bastante atenção dos visitantes, a locomotiva a vapor modelo 4.8.0, fabricada em 1912 na Alemanha na cidade de Berlim chegou ao Brasil de navio, pesando aproximadamente 70 toneladas, existente apenas três exemplares em todo mundo.
A locomotiva passou por diversas cidades do estado de São Paulo entre elas Araraquara e Tatuí, chegando em Itapetininga após a 2º Guerra Mundial que ocorreu entre 1939 a 1945, ficando exposta por muito tempo na Praça Gaspar Ricardo, onde está localizada a antiga estação de trem de Itapetininga, porem foi inserida ao museu para a sua preservação.
A Sorocabana Preservação Ferroviária, eventualmente realizam a manutenção da locomotiva, onde é feito a limpeza da caldeira e retificação de um pequeno cilindro compressor da mesma. Todo esse trabalho e de forma voluntaria e gratuita.
Através da Estrada de Ferro Sorocabana era transportado o algodão in natura. Por fim em meados do século XX começou seu declínio, e por falta de apoio e investimento acabou indo na contramão de outros países, chegando ao fim. O que restou para a população apenas recordação.
Museu da Imagem e do Som de Itapetininga
O Museu da Imagem e do Som de Itapetininga, foi fundado em 1998, por um grupo de amigos onde houve uma conversa em que Itapetininga tinha uma história muito bonita em termo de política e educação e que poderia deixar memorável e registrado para novas gerações. Na mesma reunião realizou-se uma votação, e foi eleito o presidente Roberto Hungria que permanece até hoje no cargo.
O museu conta com gravações de antigos ilustre itapetininganos entre eles a professora Generosa Morelli, de 102 anos, que contava a história do seu pai, mestre de obra que ajudou na construção da escola Peixoto Gomide. Formada na escola que viu seu pai construir, foi escolhida como professora do século em uma votação na capital de São Paulo.
Os itapetininganos Luiz Piedade e Murilo Antunes Alves, gravaram contando fatos da época deles que aconteceram em Itapetininga e da política do Brasil.
Outra gravação rara, é o filme que conta a história de vida de uma das primeiras aviadoras do Brasil, a itapetiningana Anésia Pinheiro Machado, exibido em diversos países, a produtora que fez as gravações presenteou o museu com uma das cópias raras do filme.
Em 1920 quando Júlio Preste era governador do Estado de São Paulo, ele trouxe alguns cinegrafistas para filmar Itapetininga, principalmente a tradicional Festa do Divino, nesse filme mostra a figura da mulher itapetiningana, que era vista na época como mulher livre e independente.
Com trajes típicos da época, as mulheres dominavam a festa, o que era muito comum na época era a orquestra que tocava na festa e sempre eles levavam um tablado que era onde as pessoas dançavam, mas para isso eles tinham que pagar uma ajuda de custo para a banda. Naquela época quem costumavam a dançar era as mulheres que dançavam entre si, até os homens criarem coragem para dançar com elas.
Toda essa história está guardada no Museu da Imagem do Som, o presidente Roberto Hungria contou que na vitória do Júlio Prestes as mulheres estavam mostrando sua posição na sociedade, principalmente as mulheres itapetinignanas. “Quando Getúlio Vargas derrubou Júlio Prestes, ele começou uma caça as mulheres itapetininganas o que acabou mudando a posição social das mulheres da época”.
Fora as gravações o museu conta com um acervo de quase cinco mil fotografias retratando Itapetininga em diversas épocas. Também em uma parceria com a Tv Itapetininga, às segundas-feiras é exibido um dos filmes raros do acervo.
Antes da pandemia do coronavírus o presidente do Museu da Imagem e do Som, Roberto Hungria conta que lutou para ter uma sede, que sobrevive com as vendas de seus livros e que até hoje o acervo segue em sua.
“Minha maior frustação é não ter uma sede, queríamos receber os alunos das escolas de Itapetininga para que eles pudessem conhecer a cidade de outras épocas”.