A Paralimpíada de Tóquio tem início marcado para o dia 24 de agosto, terça-feira. A delegação brasileira para os Jogos Paralímpicos de Tóquio conta com 253 atletas, atuando em 20 modalidades. Se for contabilizado o quadro de medalhas com base nas conquistas de ouro, como é feito em cada edição do evento para efeito de desempate, o Brasil ocupa o 23º posto mundial, com 87 medalhas de ouro, 112 de prata e 120 de bronze, totalizando 301 medalhas em toda a história do país nos jogos.
O Jornal Correio conversou com a paratleta itapetiningana Jéssica Giacomelli que orientou sobre os termos ofensivos que devem ser evitados. Em suas redes sociais, a paratleta até fez uma lista do não deve ser comentado e ao Correio explicou o porquê. “Cada pessoa com deficiência possui uma limitação no dia a dia, certo? Mas essa limitação não impede que façamos coisas comuns, coisas normais que qualquer ser humano possa fazer. Apenas possuímos limitações, mas usamos de adaptações para fazer o mesmo. Termos como “Exemplo de superação” são totalmente errados quando aplicado a nós. Pois, nós fazemos tudo, temos uma vida maravilhosa, só as pessoas que não veem. Poxa, só queria limpar a minha casa sem alguém dizer ‘nossa, ela tem deficiência e sabe limpar a casa”’, ISSO é óbvio, é a minha casa e acredite, sei limpar muito bem uma”.
Entre a lista de frases feita por Jéssica, estão: “Qual a sua desculpa?”, “Só de eles conseguirem praticar o esporte já são campeões”, “Nem parece que tem uma deficiência”, “Trato como se fosse gente normal”.
Ao ser questionada sobre a visibilidade das paralimpíadas comparadas com as olímpiadas, Giacomelli respondeu que o esporte paraolímpico não é muito valorizado. “O documentário ‘Pódio para todos’ da Netflix, mostra como o esporte paralímpico recebe pouca valorização. É claro que, conforme os anos se passam, o movimento paralímpico tem crescido, mas a mídia influência muito quando decide não mostrar o nosso esporte em TV aberta como foi nos Jogos Olímpicos. Não é toda pessoa que possuí TV a cabo para acompanhar, isso faz com que chegue com menos frequência a nossa existência ao público”.
A paratleta, que começou a treinar aos 13 anos, junto com a professora de Educação Física Eunice Lima, ainda comentou sobre a importância de se praticar um esporte. “A prática do esporte paralímpico acaba sendo um ‘divisor de águas’ na vida da pessoa com deficiência, pois, a sociedade faz com que nós tenhamos tais pensamentos desde pequenos como ‘você não consegue fazer isso ou aquilo’, ‘você pode se machucar’ e por aí vai. Mas conforme a pessoa com deficiência tem o contato direto com o esporte, ela percebe que, a limitação não está nela, e sim na cabeça de quem sempre à limitou”.
“Levo para eu servir como inspiração para outras pessoas como uma obrigação. É até engraçado quando digo, mas é verdade. A Jéssica de 12 anos, antes do esporte, era limitada, não só por ela, mas por pessoas que a rodeavam. E hoje, sou recordista brasileira, faço faculdade e tenho a minha vida, e não a que os outros limitavam para mim. Eu faço de tudo para que as pessoas com deficiência possam sentir o que eu sinto. Gosto de empondera-las a serem o que quiserem ou fazerem o que quiser. Pois, a limitação deixamos para os que querem ser limitados”.