A explicação, que parece risível, é dada de maneira séria por autoridades: as obras da Copa de 2014 e da Olimpíada de 2016 não sofrerão atrasos. Vai dar tudo certo. Aos fatos: a Arena das Dunas, em Natal (RN), aguarda propostas de parceria. Outros empreendimentos estão em fase inicial. E mais: dos 12 estádios que serão construídos, 5 correm o risco de se transformar em “elefantes brancos” por falta de torcedores suficientes e pelos altos custos de manutenção.
A novela sobre a preparação do Brasil para sediar os dois maiores eventos esportivos mundiais segue um enredo que tem tudo para se tornar sucesso de público e de mídia. Teria o fito de driblar a montanhosa burocracia e, desse modo, livrar a licitação de projetos de complicações, liberar recursos de forma ágil e no fluxo adequado, garantindo a satisfação de todos os “jogadores” da copa preparatória.
De início, a lembrança: o Brasil foi escolhido para ser a sede da Copa do Mundo de Futebol em 30 de outubro de 2007. De lá para cá, em termos práticos o resultado fica próximo de zero. É evidente que, sendo a paixão nacional, o futebol abre intenso foro de debates e impulsiona visões conflitantes entre os envolvidos na organização do megaevento. Cada qual quer tirar proveitos – e proventos – da gigantesca teia de interesses, sabendo-se que não haverá rigidez no controle dos orçamentos.
A pergunta emerge naturalmente: ante tão flagrante constatação, por que não se fez um planejamento em prazo adequado? Ora, o Brasil cultiva o gosto pelo instantâneo, pelo provisório. Coisas planejadas com muita antecedência parecem não combinar com a alma lúdica brasileira, brincalhona, irreverente. Ademais, como se procurou argume. Haverá menos fiscalização, menos burocracia, menos senões e mais apoios.
E quanto aos “cinco elefantes brancos” (estádios de Brasília, Cuiabá, Manaus, Natal e Recife), que após a Copa poderão gerar grande prejuízo por falta de contingentes necessários para torná-los autossustentáveis? No país que aprecia o status provisório, essa questão será analisada nas calendas. Quando aquele momento chegar, os figurantes pegarão carona no jeitinho e arrumarão verbas para dar nova finalidade às edificações, incluída a sua derrubada.
E, assim, o Brasil vai rolando a bola e brandindo o slogan “antes tarde do que nunca”. Afinal, fazê-las “antes cedo do que tarde” daria muito na vista. E isso, convenhamos, prejudica a visão (e os negócios) dos parceiros.
Gaudêncio Torquato
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