Uma intervenção está em andamento no Solar Ananiza Rezende, um dos últimos solares históricos de Itapetininga, localizado na rua Quintino Bocaiúva, no Centro da cidade. Esta semana, a remoção do telhado e do assoalho do andar superior chamou a atenção de quem passa pelo local. Levantando novamente a discussão sobre a preservação do patrimônio histórico do município.
De acordo com informações apuradas pelo Correio, a remoção do telhado e do assoalho teria sido uma determinação do Ministério Público, sob alegação de iminente risco de desabamento da estrutura. O Correio entrou em contato com MP, mas não conseguiu confirmar essa informação.
A empresa encarregada do serviço de demolição afirmou que o trabalho não possui um prazo definido para conclusão, devido à dependência das condições climáticas. Durante o processo, foram retirados do local dois caminhões de entulho, além de madeiramento e telhas.
O Correio procurou os proprietários para comentários, mas, até o momento, não obteve resposta.
Segundo a Prefeitura não foi protocolado um pedido para a colocação de tapumes sob a calçada. Uma equipe da Fiscalização de Obras fez uma vistoria e orientou para que os tapumes que estão avançados fossem recuados no alinhamento do imóvel. O Executivo também não esclareceu se havia autorização para as obras de demolição.
Histórico
O saudoso jornalista e colunista do Correio, Alberto Isaac, publicou em 2019 uma crônica relembrando os tempos áureos do Casarão.
“No amplo e vasto quintal, limitado nos fundos com o Ribeirão dos Cavalos, constantemente era utilizado para as conhecidas “brigas de galo! com várias rinhas. Implantadas na área, realizavam embates fervorosos entre essas aves, providas de vários municípios, inclusive da capital paulista e da capital gaúcha. Os “galistas! Apostavam dinheiro grosso e movimentavam, em muito o comércio local.
Na parte térrea funcionaram por longos anos estabelecimentos comerciais diversificados como o “Bar 21 Estados”, pertencente a Arthur Matarazzo; o Empório, de propriedade de Brás Ribeiro, a funilaria de Arlindo Rosa, a padaria e confeitaria de José Galvão e, inclusive uma barbearia, cujo dono chamava-se Cesar Proença, filho de Eduardo Proença e irmão de Atílio.
Um dos últimos descendentes, o estimado Billô Fogaça, então viúvo de uma das proprietárias faleceu há pouco tempo e os remanescentes ligados ao imóvel ainda não se pronunciaram a respeito do destino do centenário casarão, uma das últimas recordações da velha Itapetininga.
O “Solar dos Rezende”, que viu os tropeiros subirem a Rua das Tropas, que recebeu governadores e nobres figuras do final do império e República Velha, ou jovens de várias décadas para carinhosas felicidades está assim presente na novela que estreará na Globo no final deste mês: “Éramos Seis”, baseado em livro do mesmo nome que tratará também da vida em Itapetininga, em seus tempos de glória”.