Aparício Torelli, que fazia em tempos remotos, jornalismo e humorismo, conhecido como Barão de Itararé, em uma de suas saborosas crônicas, publicadas em seu periódico “A Manhã” escrevia que nos céus do Brasil nada se ouvia além do “ronco dos aviões de carreira”. Queria dizer que as aeronaves percorriam habitualmente a mesma rota de viagens pelos quatro cantos do vasto território nacional. Quando morreu em 1971, por certo, desconhecia o fato de que Itapetininga, além de ser itinerário de aviões de passageiros de demanda ao sul e aos países sul-americanos, possuía um dos melhores aeroclubes do Estado de São Paulo. E com esta entidade, que durou por quase trinta décadas, formou muitos pilotos que se destacaram nos espaços brasileiros.
No local hoje, ocupado pelo suntuoso SESI, um dos grandes empreendimentos de Itapetininga, a área servia inteiramente como aeroporto, um tanto rudimentar, mas apropriado convenientemente para as atividades propostas. Autorizada legalmente pelo antigo DAC – Departamento de Aviação Civil – e sem fins lucrativos, próprios de entidades similares – a escola constituiu-se em momentos de grande emoção e alegria para todos da época.
Sempre frequentado por jovens das várias categorias da sociedade, nesse longo tempo de duração do aeroclube, tendo como responsável pela manutenção Osvaldo Soares Hungria, contou em suas fileiras Hermano Campos, Zeca Leitão, Spada, Valentim Deodato, Ari de Almeida (Codorna), Renê Frigieri, os irmãos Caetano e Toninho Giostri, Naef, Dr. Gama, Tercis de Melo Almada, Godofredo Filho, Júlio Pucci, Wladimir Lobo, Lauro Ribas, Gentil Martins, Darci Vieira, João Duarte (Pintado), Onofre Ramos e dezenas de outros. Sob a orientação de Altevir, um dos primeiros instrutores da escola, genro do famoso “secreta” Belarmino Machado, muitos deles se destacaram na aeronáutica, uns como Wladimir Lobo e Onofre Ramos pertencentes à Força Aérea Brasileira, Pedro Vieira (Peu), também integrante do setor do Ministério da Aeronáutica, outros como Hermano Campos, os irmãos Giostri, Zeca Leitão, Gentil Araújo, João Duarte (Pintado) e Teço Leandro tiveram enfoque dos mais salientes em atividades privadas, alguns deles se aposentando com merecimento.
O saudoso deputado Antônio Vieira Sobrinho, Coronel Toniquinho, é considerado um dos maiores incentivadores da fundação do aeroclube local e seu filho, ex-prefeito Darci Vieira, além de pertencer à diretoria por diversos anos seguidos, foi brevetado pela escola. Na administração do prefeito Antônio Leme, o aeroclube local recebeu um “Paulistinha” através da campanha “Asas para o Brasil”, encetada por Assis Chateaubriand, jornalista proprietário dos Diários Associados de São Paulo. Na época a escola mantinha em seu hangar cinco aparelhos destinados ao aprendizado dos alunos: Paulistinha, Pipper ou Teco-Tecos.
Um apaixonado por aviões, Antônio Roberto Camargo, que obteve o brevê com muita facilidade, diante da vocação natural que tinha para voar, lamentava que a ANAL (Agência Nacional de Aviação) aos poucos vá extinguindo os aeroclubes, entidades que formaram centenas de pilotos em todo o Brasil, dos mais capacitados e responsáveis. Hoje são poucas as escolas, existindo núcleos tão somente em Sorocaba, São Paulo, Piracicaba, Tietê e ltu, acrescentando que aumenta o número de escolas de formação de pilotos em áreas particulares, às vezes impossíveis do interessado frequentar diante dos preços inacessíveis das mensalidades.
O aeroclube de Itapetininga formava também o denominado Piloto Comercial e obtinha certificado, o aluno que concluísse quarenta horas de voo, dentro dos parâmetros legais. Tempos atrás, o coronel Joinville, da Aeronáutica, junto com Pedro Paulo Sacco, Márcio Antônio Nalesso e outros idealizaram implantar uma escola de aviação destinada a formação de pilotos para serviços do setor agrícola. Nesse projeto encontrava-se integrado Geraldo Matarazzo, que por infelicidade, faleceu em desastre de avião, ocorrido na década de 70, nas proximidades do bairro Chapadinha, na Fazenda Fillepo.
Os teco-tecos deixaram de sobrevoar Itapetininga…
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