Sem remédio

11/11/2013 02:00

Após um bruto arranca-rabo entre Prefeitura e uma ONG, que cuidava de pacientes psiquiátricos, consultas foram canceladas e remédios deixaram de ser fornecidos! Muitos doentes, de famílias pobres, estão sem medicação e ao deus-dará… Pobre Voçoroca do Sul: corre grave perigo, mas ainda não percebeu!
E agora- minha gente? E se um portador de doença mental grave, de repente, ouvir ordens de um extraterrestre que o manda tirar a roupa e sair peladinho saracoteando pela Campos Salles, em plena segunda-feira? E se uma voz estranha sussurrar no ouvido de um paciente- sem medicação- que ele deve ficar na esquina e, quando um “certo alguém” aparecer , enchê-lo de pé-de-ouvido até fazê-lo estrebuchar? Vai que Zebedeu escute, bem lá dentro dele, que ele tem uma missão divina na cidade fundada pela Mula-Madrinha, deve passar a andar de quatro e zurrar talqualzinho nossa heróica fundadora? Que Deus nos livre, mas e se Lindulfo, tão quietinho, tão quietinho, de repente, obedecer uma voz que o manda invadir o Paço Municipal e fazer a mesma desgraceira que faz o Godzilla no cinema?
Essa pergunta incomoda: “se um paciente entrar em surto pela falta de remédios e provocar um quiproquó que dê manchete até no Jornal Nacional, quem será o grande culpado?”
Algo terrível pode acontecer, mas a cidade, distraída com sua festa de aniversário, ainda não deu conta do perigo! E se Emerenciano, que tem problemas cardíacos, pressão alta e só continua no mundo dos vivos porque segue religiosamente ordens médicas e toma suas cápsulas fornecidas pela ONG, agora, de repente, encontra a farmácia fechada, sai à rua, estrebucha e… babau!
Não dá pra imaginar como o finado será recebido lá no outro lado da Vida, mas, uma coisa é certa: a recepcionista, ruflando suas lindas asas e piscando deslumbrantes olhos, irá perguntar ao recém-chegado o motivo de sua partida da Voçoroca do Sul e, ele, querendo ou não, terá que responder:
-Culpa da Prefeitura- dona – cortaram meu remédio!